Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de maio de 2020
Durante mais uma videoconferência, o governador gaúcho Eduardo Leite lamentou nesta sexta-feira a saída do médico Nelson Teich do comando do Ministério da Saúde, apenas 28 dias após assumir o cargo. “Eu lamento que o governo federal ainda não tenha encontrado um rumo para o enfrentamento da pandemia de coronavírus”, declarou.
O chefe do Executivo do Rio Grande do Sul também mencionou o fato de que Teich tenha se reunido apenas uma vez com os governadores dos três Estados que compõem a Região Sul, durante o período inferior a um mês no cargo – Teich “pediu o boné” por causa de divergências com o presidente Jair Bolsonaro na condução das políticas de combate à Covid-19.
“Sequer houve tempo para que pudéssemos fazer alguma avaliação de seu desempenho”, criticou. “Observávamos uma ação tímida por parte do Ministério da Saúde, com perda de velocidade.”
O governador gaúcho reiterou a avaliação de que o Palácio do Planalto precisa ajustar a sua política pública para o setor: “Isso precisa ser feito com equipes técnicas, respeito à ciência e uma forte integração entre os entes nacionais”.
Para Eduardo Leite, a atuação acanhada da pasta pode ter sido causada pela própria troca de seu titular, com a substituição do também médico Luiz Henrique Mandetta por Nelson Teich, no início da primeira quinzena de abril. Na ocasião, ele também se manifestou sobre a saída do mandatário.
“Respeito a legitimidade do presidente da República para providenciar alterações em seu time, mas lamento a saída de um ministro que coordenou com competência e dedicação exemplar a política de enfrentamento à Covid-19. Agradeço a atenção que Luiz Henrique Mandetta deu ao Rio Grande do Sul e desejo êxito a Nelson Teich”.
Leite não escondeu a sua preocupação no que se refere ao impacto negativo gerado pela instabilidade de comando no Ministério da Saúde, em plena pandemia:
“O momento exige políticas públicas com força, velocidade e integração entre SUS [Sistema Único de Saúde], governo federal, Estados e municípios. Uma nova troca e a falta de clareza prejudicam o combate ao coronavírus, levando à perda de continuidade. Isso também acaba resultando em falta de esperança, inclusive na economia.”
Doria
Também vinculado ao PSDB, o governador paulista João Doria foi outro que condenou a nova mudança no primeiro escalão federal. Em discurso no Palácio dos Bandeirantes, ele citou os ambientes conturbados que levaram à saída de outros ministros que integraram a gestão de Jair Bolsonaro no Executivo federal:
“O Brasil continua acordando assustado com crises diárias e agressões gratuitas [de Bolsonaro] à democracia, à Constituição, ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal, à imprensa e a integrantes do próprio governo. Foi assim com os ministros Gustavo Bebianno, Santos Cruz, Sérgio Moro, Luiz Henrique Mandetta e, agora, também com Nelson Teich.”
(Marcello Campos)