Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de maio de 2020
O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou que as três maiores empresas aéreas do País, Latam, Gol e Azul, já aderiram à proposta do sindicato de bancos coordenado pelo banco estatal.
Ele informou que, ao total, o banco já mobilizou R$ 97 bilhões em ações de enfrentamento à crise causada pela pandemia do novo coronavírus. As declarações foram feitas durante a apresentação dos resultados do BNDES no 1º trimestre.
“Enviamos proposta às empresas aéreas e as três grandes empresas aceitaram as propostas. Agora entramos na fase de execução das propostas”, disse Montezano.
“Conseguimos colocar de pé operação para aéreas com várias condições e o preço final será dado pelo mercado. A atuação do BNDES sempre foi pautada por se dar em condições de mercado. Não cabe ao banco, sozinho, dizer as condições que as empresas receberão os aportes. Portanto, o processo de definição de preço da operação para as aéreas caberá ao mercado”, continuou Montezano. O executivo disse que o banco tem restrições para falar em valores envolvidos no apoio ao setor aéreo.
Na última quinta-feira, o Valor informou que o montante do pacote ficaria entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões. Desse total, 75% seriam repassados mediante subscrição, pelos bancos, de debêntures simples e 25% via bônus conversíveis em ações emitidos pelas empresas aéreas.
O pacote é tratado pelo governo como um apoio setorial, com medidas únicas para as três companhias, mas no último mês as discussões vinham sendo realizadas de forma individual com Gol, Latam e Azul, segundo fontes próximas do assunto informaram ao Valor.
O consórcio de bancos, do outro lado da mesa de negociações, é formado pelas três grandes instituições privadas do país – Bradesco, como líder, mais Itaú e Santander –, além do BNDES e do Banco do Brasil (BB).
Uma das premissas do plano é que os recursos sejam usados como fonte de capital de giro e para pagamento de fornecedores nacionais das companhias aéreas. Desde o começo da pandemia, as empresas foram duramente afetadas pela redução do tráfego aéreo, o que significou perda de receitas e de valor de mercado das ações em bolsa. Essa é uma realidade no mundo e os governos, como nos Estados Unidos, por exemplo, têm saído em socorro do setor
Na teleconferência, Montezano disse que a atuação do banco para apoiar o varejo é similar ao que está sendo feito para o setor aéreo. “Seria uma atuação via debêntures conversíveis”, disse. Com relação ao setor automotivo, ele afirmou que as negociações avançam individualmente.
Montezano ressaltou que, até o momento, a instituição não foi convidada por nenhuma empresa do varejo para participar do sindicato de bancos. Ele também disse que, nesse caso, não cabe ao BNDES definir condições de apoio individuais para cada uma das empresas.
Já no segmento automotivo, disse que o próprio BNDES fez a convocação das empresas para participar do sindicato de bancos. “O banco está tendo tratativas individuais e bilaterais com empresas do setor automotivo interessadas”, disse. As declarações foram feitas durante apresentação dos resultados do BNDES no 1º trimestre.
O presidente do BNDES afirmou, ainda, ter a expectativa de que a linha de apoio à folha de pagamento de empresas em geral seja inferior a R$ 10 bilhões. Além disso, o diretor de privatizações do BNDES, Leonardo Cabral, disse esperar uma conclusão sobre o apoio do banco ao setor elétrico no “curtíssimo prazo”. Sem entrar em detalhes, ele disse que a estruturação do apoio financeiro ao setor durante a crise avançou nas últimas semanas.