Quarta-feira, 19 de março de 2025
Por Redação O Sul | 19 de maio de 2020
O fim da quarentena, contudo, que começou no dia 3, revela-se complexo e esbarra no medo e na resistência dos portugueses de voltar à normalidade
Foto: ReproduçãoApontado como modelo de gestão da pandemia do novo coronavírus entre seus vizinhos europeus, Portugal inicia a segunda fase do desconfinamento, reabrindo escolas e restaurantes.
O fim da quarentena, contudo, que começou no dia 3, revela-se complexo e esbarra no medo e na resistência dos portugueses de voltar à normalidade. Uma investigação da Escola Nacional de Saúde Pública revelou que na primeira fase houve um aumento de apenas 2% de pessoas nas ruas.
Os centros urbanos permanecem vazios, a ponto de o presidente Marcelo Rebelo de Sousa e do primeiro-ministro António Costa saírem, nos últimos dias, numa cruzada para estimular a população a retomar seu cotidiano pré-pandemia.
Não tem sido fácil convencer a população. Uma pesquisa realizada entre os dias 6 e 11 pelo Centro de Estudos de Opinião e Sondagens da Universidade Católica Portuguesa reforça a tese. Mais de um quarto dos entrevistados disseram que seu estado físico e mental deteriorou.
“Neste inventário de saúde mental, as pessoas estão receosas e saudosas”, atestou Ricardo Reis, diretor do CESOP, ao apresentar a pesquisa. O estudo revelou ainda que, neste momento, 50% dos entrevistados disseram que não pretendem tirar férias no verão.
Dos que mantêm o descanso, apenas 9% manifestaram a intenção de viajar. Embora o confinamento tenha sido afrouxado no início do mês, 9% afirmaram não ter saído à rua; 21% tinham deixado suas casas apenas uma vez por semana.
Passeios a pé ou para fazer exercícios foram raros. Os portugueses evitam transportes públicos e hospitais, sentem-se mais seguros em farmácias; 65% acham que o vírus é perigoso ou muito perigoso.
Outro dado que chama a atenção é que 36% cancelaram consultas médicas. “Isso é preocupante, pois pode acarretar uma segunda onda de doenças provocadas por falta de cuidados médicos adiados por medo”, analisa Filipe Santos, diretor da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa.
O futuro se mostra sombrio para os portugueses: 46% têm medo de serem infectados, 25% receiam perder o emprego, 34% acham provável perder familiar próximo para o novo coronavírus.