Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2020
A sede da Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, foi alvo de pichação na madrugada deste sábado (30). Pela manhã, funcionários do órgão encontraram uma inscrição na placa que identifica o órgão. Na chapa de metal, era possível ler “Procuradoria-Geral do Bolsonaro”. O sobrenome do presidente da República foi escrito logo acima da palavra “República”. Procurada pelo jornal O Globo, a PGR afirmou que “repudia o ato de vandalismo”. A mensagem foi apagada logo pela manhã.
“A Procuradoria-Geral da República repudia o ato de vandalismo contra sua sede, que já se encontra em investigação para responsabilização civil e criminal do ato que danificou patrimônio público. As medidas de reforço na segurança das unidades de todo o país serão tomadas com a maior rapidez possível. Bem como as demais medidas administrativas que se fizerem necessárias”, informou a PGR.
Na manhã deste sábado, uma foto da pichação circulou nas redes sociais. O procurador-geral da República, Augusto Aras, é responsável por tomar a decisão de apresentar ou não denúncia sobre a suposta interferência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal. O inquérito foi aberto a partir de decisão do ministro Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello. Aras já foi elogiado diversas vezes pelo presidente da República e Bolsonaro cogitou publicamente, inclusive, indicá-lo ao STF durante seu mandato.
Até 2022, quando acaba o mandato do presidente, Bolsonaro deve ter o direito de fazer duas indicações em função da aposentadoria compulsória de ministros. Segundo Bolsonaro, “se aparecer uma terceira vaga”, Aras pode ser o escolhido. Em Brasília, o procurador-geral é visto como uma pessoa próxima e afinada com Bolsonaro.
Manifesto pela democracia
Um grupo de mais de 1,6 mil personalidades brasileiras de diferentes setores da sociedade assinou neste sábado, 30, um manifesto chamado “Estamos #Juntos”. O texto referendado por artistas, acadêmicos e lideranças políticas prega a defesa da “vida, liberdade e democracia” e pede que os governantes “exerçam com afinco e dignidade seu papel diante da devastadora crise sanitária, política e econômica que atravessa o País.”
Entre os signatários estão representantes de diferentes lados do espectro político, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Também subscrevem o manifesto parlamentares como Marcelo Freixo (PSOL), Tábata Amaral (PDT) e Marcelo Calero (Cidadania). Outras personalidades incluem o apresentador de TV Luciano Huck, o médico Drauzio Varella, o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, a atriz Fernanda Montenegro e o youtuber Felipe Neto. O manifesto foi publicado nas páginas na edição impressa dos jornais deste sábado, incluindo o Estadão.
“Como aconteceu no movimento Diretas Já, é hora de deixar de lado velhas disputas em busca do bem comum”, diz o texto. “Esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia”.
Um dos organizadores do grupo, o escritor Antonio Prata explica que diferentes artistas se juntaram diante da sensação de estar em uma “tempestade em um bote furado”. Segundo ele, a pandemia do novo coronavírus e a deterioração na situação política do País motivaram a união entre pessoas que costumam ficar em lados opostos do debate público.