Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 13 de junho de 2020
Autoridades da Colômbia expulsaram um suposto militar venezuelano que se apresentava como desertor do governo Nicolás Maduro para se estabelecer no país e espionar o exército.
Gerardo Rojas Castillo foi expulso para a Venezuela “de maneira discricionária pela autoridade de imigração” com base em um relatório do exército no qual foi acusado de realizar “atividades não autorizadas que colocariam em risco a segurança nacional”, informou o departamento de Imigração da Colômbia em um comunicado. A expulsão implica uma proibição de entrar na Colômbia durante 10 anos.
Rojas Castillo admitiu ser membro da Força Nacional Bolivariana e, no momento de sua prisão, foram encontrados documentos que o credenciavam como o segundo sargento ativo dessa força, informou o general Gerardo Melo Barrera, comandante da Primeira Divisão do Exército da Colômbia. A inteligência militar colombiana o monitorava há mais de um ano, segundo o general.
O homem entrou na Colômbia em fevereiro de 2019, no contexto da entrada fracassada de ajuda dos Estados Unidos à Venezuela, como um dos mais de mil desertores militares e policiais do governo Maduro, disse uma fonte do governo à AFP. O processo contra ele indica que foi encontrado espionando uma base militar em Valledupar (norte).
No começo, ele fingiu ser o dono de uma barraca de suco em frente a uma instalação do exército e depois monitorou “movimentos externos” como guarda de segurança de uma empresa privada, explicou Melo Barrera. Além disso, as autoridades descobriram que Rojas Castillo retornou à Venezuela depois que se estabeleceu na Colômbia, apesar do anúncio de Maduro de que ele seria cruel com os desertores, explicou a fonte que pediu anonimato.
Maduro rompeu relações com a Colômbia em meio à tentativa frustrada de enviar ajuda à Venezuela. O governo de Iván Duque apoia os Estados Unidos e seus esforços para remover o presidente socialista do poder. Por esse motivo, ao lado de cinquenta nações, reconhece o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Maduro acusa a Colômbia de apoiar tentativas armadas para derrubá-lo, o que Bogotá nega.
Violência com as mulheres
A violência contra as mulheres disparou na América Latina durante a pandemia de Covid-19, com um aumento de 50% nos registros de abuso doméstico apenas na Colômbia, afirmou um grupo de ajuda humanitária na última terça-feira, confirmando o receio de que o isolamento social imposto pela doença colocaria muitas mulheres em perigo.
O feminicídio — assassinato de mulheres por causa de gênero — aumentou 65% na Venezuela em abril, e as pesquisas on-line para proteção contra violência baseada em gênero aumentaram 30 vezes em El Salvador e Honduras, de acordo com estudo divulgado pelo Comitê Internacional de Resgate, ONG sem fins lucrativos dos Estados Unidos.
Surgiram preocupações de que, durante bloqueios implementados para ajudar a retardar a propagação do coronavírus, a violência contra as mulheres aumentaria na América Latina, onde quase 20 milhões de mulheres e meninas sofrem violência sexual e física a cada ano. Promotores, grupos de apoio às vítimas, advogados e as Nações Unidas alertaram para o risco de que, se fossem confinadas em casa com seus agressores, muitas mulheres ficariam incapazes de sair para buscar ajuda.
“Mulheres e meninas adolescentes…confinadas 24 horas por dia, algumas completamente presas a seus agressores”, disse Meghan Lopez, diretora da IRC na América Latina.
A América Latina é agora o epicentro da pandemia global, com mais de um milhão de casos em diferentes países e muitos ainda para atingir o pico. “Eu diria agora que a epidemia na América Central e do Sul é a mais complexa de todas as situações que enfrentamos globalmente”, disse Michael Ryan, especialista em emergências da Organização Mundial da Saúde, na última segunda-feira (8).