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Brasil O Ministério da Agricultura definiu medidas a serem adotadas se a nuvem de gafanhotos que está na Argentina chegar ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina

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Insetos devem chegar ao Uruguai nesta quinta-feira. (Foto: EBC)

Diante do risco – pequeno mas ainda não descartado – de que a nuvem de gafanhotos em deslocamento na Argentina chegue aos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou na edição desta terça-feira (30) do Diário Oficial da União uma portaria com medidas a serem tomadas contra a praga. As diretrizes abrangem uso de defensivos e outros aspectos.

Constam no documento orientações gerais sobre mecanismos de controle das quantidades de agrotóxicos a serem distribuídos, comercializados e utilizados, incluindo tabelas de dosagem para inseticidas biológicos à base de Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, bem como intervalos de aplicação, limites de resíduos e quantidades máximas dos princípios ativos.

A portaria também atribui ao órgão estadual de defesa agropecuária a responsabilizada por estabelecer o plano de supressão “a partir dos procedimentos gerais de controle estabelecidos pelo Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura”.

As medidas previstas pela pasta federal abrangem, ainda, a adoção de procedimentos operacionais para monitoramento de características e níveis populacionais da praga”, bem como o estabelecimento de mecanismos de controle a serem aplicados em função de suas diferentes fases de desenvolvimento.

Durante o período de emergência, os órgãos estaduais de defesa agropecuária deverão apresentar relatórios trimestrais ao Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, informando as ações que foram executadas. Outro item é a criação de canais para o envio de informações sobre a identificação da praga, a fim de viabilizar e qualificar a emissão de alertas fitossanitários.

Voracidade

Apesar das medidas preventivas, a combinação de fatores torna cada vez mais remota a possibilidade de que a nuvem de gafanhotos ingresse na Região Sul do Brasil, ao menos nos próximos dias. A chegada de uma frente fria e as ações de combate à praga pelo governo da Argentina já reduziram em aproximadamente 20% o agrupamento, estimado inicialmente em cerca de 400 milhões de insetos, cuja voracidade ameaça as lavouras.

No Rio Grande do Sul, fiscais da Seapdr (Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural) estão atentos à situação em municípios das regiões Noroeste e Fronteira Oeste. E mesmo assegurando que os prognósticos sejam desfavoráveis a uma eventual aproximação dos gafanhotos, ainda não é o momento de “baixar a guarda”.

“Permanecemos em alerta, já que ainda existe o risco”, relata o agrônomo Ricardo Felicetti, chefe da DSV (Divisão de Defesa Sanitária Vegetal) da pasta, que trabalha em parceria com o Ministério da Agricultura na preparação de autoridades e produtores gaúchos para uma uma eventual reação à chegada do enxame, composto pela espécie Schistocerca cancellata.

Com base em imagens de satélite, especialistas calculam que a nuvem chegou a abranger 10 quilômetros quadrados e a contar com400 milhões de insetos, cada qual com até 3 centímetros de comprimento e 2 gramas – o animal costuma comer diariamente o equivalente a metade de seu peso.

A Schistocerca cancellata não ataca pessoas e animais. O problema é de ordem econômica e alimentar, com a maior ameaça de prejuízo recaindo sobre plantações de inverno como trigo, aveia e cevada, bem como frutas cítricas, oliveiras, hortaliças e pastagens. Além disso, há danos a equipamentos mecânicos e veículos, inclusive nas aeronaves de baixa altitude.

Na semana passada, o avanço da nuvem motivou o Ministério da Agricultura a declarar estado de emergência fitossanitária no Oeste do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, por causa dos riscos ao agronegócio. A medida permite ações específicas e por tempo determinado, como a contratação de pessoal e a compra de defensivos agrícolas para combater o problema.

O governo brasileiro também deixou de prontidão cerca de 400 aeronaves para controle dos insetos, por meio da pulverização de defensivos. O Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola) colabora diretamente na elaboração do plano, inclusive por meio da disponibilização de veículos aéreos.

(Marcello Campos)

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