Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de julho de 2020
Artista relembrou o machismo que teve que vencer para conquistar o seu espaço
Foto: André Nicolau/DivulgaçãoSuzana Pires sabe bem os desafios que uma mulher enfrenta para ganhar o seu espaço profissional, principalmente como gestora, investidora, roteirista e diretora. A artista, que além de atuar, escreve, dirige e produz, relembra o machismo que encontrou na sua trajetória profissional.
“Meu maior desafio profissional para conquistar meu espaço foi o de ser uma mulher com o corpo sensual, corpo que eu me utilizo para trabalhar como atriz, e mostrar que também tinha a intelectualidade como autora. Juntar essas duas coisas e conseguir espaço dentro dessas duas possibilidades foi o mais difícil. Mas hoje vejo que foi fundamental e sou super em paz com essa soma. Sei o quanto eu contribuí para que mulheres com corpos exuberantes e sensualidade sejam vistas como inteligentes também”, explica.
Ela conta que a mudança na forma em que as pessoas a viam como profissional começou primeiro com o seu empoderamento.
“Já enfrentei muito machismo. O mais comum foi roubo de ideia em reunião de criação e ser interrompida a ponto de não me deixarem concluir um pensamento. Isso aconteceu durante muito tempo. Mas quando realmente me vi como uma autora muito boa, interrompi isso na minha vida. Comecei a não deixar mais que roubassem as minhas ideias ou que me cortassem em alguma reunião. Daí foi um grande salto na minha vida. Foi nesse momento que passei a escrever novelas, a trabalhar em equipes com grandes autores e atores… Foi muito importante a hora em que eu mesma virei dona de mim. Hoje o desafio é de ser profissional mulher é lidar com a sobrecarga de cobranças. Somos cobradas o tempo todo se somos casadas ou não, se temos filhos ou não, se engordou, emagreceu, ganhou muito dinheiro… Estamos sempre na mira e sendo muito atacadas. O maior desafio é conseguir que a sociedade machista consiga olhar para a mulher como ser humano.”
Realizada e reconhecida profissionalmente, Suzana atualmente tem se dedicado a ajudar outras mulheres com o Instituto Dona de Si, que tem o objetivo de impulsionar os talentos femininos por meio de capacitação. Na quarentena, a artista criou uma plataforma online para o projeto, que já existe há dois anos.
“A ideia da plataforma aconteceu logo no começo da pandemia. O trabalho todo do instituto com a jornada transformadora Dona de Si era offline e eu precisava transformá-lo em online. Hoje o instituto tem uma plataforma de ensino para mulheres empreendedoras e continua fazendo a entrega de cestas básicas para mulheres que precisam de assistência. As mulheres que assinam nossa plataforma não só estão evoluindo o trabalho delas, como também fazem parte da distribuição de cestas básicas e aceleração de todas as mulheres que fazem parte do instituto e não têm condições de fazer a assinatura”, explica.
Para criar o instituto, Suzana relembra que tirou dinheiro da sua coleção de bolsas Chanel, que foram vendidas. “Comecei o instituto vendendo as minhas bolsas. Fui a primeira doadora. Eram doze bolsas da marca Chanel e muito caras. Bolsas que representavam o meu sucesso. Ressignifiquei o valor que eu tinha investindo nas bolsas em outras mulheres”, conta.