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Redação O Sul
| 10 de julho de 2020
A decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS) de admitir a possibilidade de transmissão pelo ar do coronavírus é, sobretudo, política. Acontece por pressão de cientistas num momento em que os países saem do distanciamento social e a economia reabre. E é necessária porque a OMS sabe que, para conter a pandemia, é preciso controlar todos os meios possíveis de transmissão.
Embora a transmissão pelo ar não seja consenso entre cientistas, o fato é que o risco existe e não pode ser descartado. E o risco está nos ambientes fechados com alta concentração de pessoas, como shoppings, igrejas, salas de espetáculo, restaurantes, escritórios e academias.
Em condições de laboratório, a transmissão pelo ar é possível. Mas o mundo não é um laboratório e é muito difícil comprovar isso. Há décadas se discute a possibilidade dessa forma de contágio para a influenza, por exemplo.
Sabe-se que o coronavírus em aerossol (no ar) expelido por uma pessoa ao falar perde a capacidade de infectar após seis minutos de exposição à luz solar. Já em ambientes fechados, esse tempo aumenta para duas horas, não só pela falta de radiação ultravioleta quanto pela concentração do vírus. Em laboratório, por até 16 horas.
Um estudo recente calcula que, ao falar, uma pessoa infectada expele mil partículas de aerossol carregadas por vírus, que podem permanecer no ar por oito minutos. Uma outra pesquisa diz que um infectado com o Sars-CoV-2 exale de mil a 100 mil cópias por minutos de RNA viral.
Mas quantas partículas de coronavírus são necessárias para infectar uma pessoa? Ninguém sabe ainda.
Pode-se arriscar? A extensão da pandemia e o mais de meio milhão de mortes no mundo mostram que não.
Apelo
Com 12 milhões de pessoas contaminadas por Covid-19 e 550 mil mortos no planeta até o dia 9 de julho, o diretor da OMS fez um apelo emocionado ao mundo.
Tedros Adhanom Ghebreyesus advertiu que a pandemia do novo coronavírus segue fora de controle e, em prantos, pediu unidade para a humanidade, dias depois de os Estados Unidos entrarem com pedido formal de saída da OMS.
“A grande ameaça que enfrentamos agora não é o vírus em si, mas a ameaça é a falta de liderança e solidariedade em níveis globais e nacionais”, disse o diretor da OMS em Genebra, na Suíça.
Em um discurso emocionado, cheio de pausas, ele disse: “Esta é uma tragédia que… na verdade… está nos fazendo sentir falta de nossos amigos. Perdendo vidas… E não podemos enfrentar essa pandemia com um mundo dividido”.
“Por que é tão difícil para os humanos se unirem, para lutar contra o inimigo?”
Nos últimos dois dias, foram 170 mil casos novos confirmados de Covid-19, o que representa uma queda em relação aos 200 mil do fim de semana anterior. Ainda assim, os números são considerados altos demais.
As Américas são o continente mais afetado, com um número superior a 6 milhões de contágios confirmados e mais de 270 mil mortes oficiais. Isso é metade de tudo que foi registrado no mundo. O Brasil segue sendo o país com o segundo maior número de casos e mortes no mundo, atrás apenas dos EUA.