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Brasil Afastada do Hospital Albert Einstein por comentários ofensivos a judeus vítimas do holocausto, médica imunologista atribui punição à divergência sobre indicação da cloroquina

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Nise Yamaguchi alega perseguição do hospital por defender uso da cloroquina. (Foto: Reprodução/YouTube)

O Hospital Israelita Albert Einstein abriu uma apuração interna para avaliar comentários considerados ofensivos contra vítimas do holocausto proferidos pela pesquisadora e médica integrante da equipe Nise Yamaguchi. Considerada uma das principais defensoras da hidroxicloroquina, a imunologista alega que o afastamento se deu por divergências quanto à indicação do medicamento.

De acordo com a direção do hospital, a médica foi impedida de receber novos pacientes até que as apurações em relação a um pronunciamento da integrante fossem concluídas. No entanto, ao contrário do que afirmou Nise, não houve impedimento para que ela prosseguisse com o acompanhamento daqueles que já tivessem iniciado um tratamento com a imunologista e oncologista.

Outra ponderação feita pelo hospital é de que o afastamento não tem como pano de fundo o posicionamento da médica quanto ao uso da cloroquina. “Ela recebeu um telefonema avisando a suspensão do cadastro dela pelo motivo de relacionar o holocausto nos comentários dela em uma entrevista no domingo passado”, afirmou o presidente do Einstein, o médico Sidney Klajner, em entrevista concedida ao Correio.

A entrevista foi concedida à TV Brasil e, na ocasião, Nise compara o medo da população à pandemia com a situação dos judeus na época do holocausto. “O medo é prejudicial para tudo. Em primeiro lugar, te paralisa, te deixa massa de manobra. Qualquer pessoa, você pega… Você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela massa de rebanho de judeus famintos se não submetessem diariamente a humilhações, humilhações e humilhações, tirando deles todas as iniciativas?”, comparou a pesquisadora, com a tentativa de pregar um viés otimista para o enfrentamento da crise de saúde.

A reflexão repercutiu negativamente dentro da instituição que é justamente idealizada por uma comunidade judaica. Na avaliação de Klajner, houve banalização da história de sofrimento causada pelos nazistas. “Isso para nós é algo que jamais pode acontecer: uma banalização [da história] em que 6 milhões de judeus que morreram e que a gente convive com várias vítimas, vários sobreviventes e muitos deles fundadores do hospital.”

Klajner ressaltou, ainda, que não houve qualquer correlação do afastamento de Nise com a indicação de hidroxicloroquina para pacientes com covid-19. “Isso não tem nada a ver com o posicionamento dela na prescrição de cloroquina ou qualquer tipo de medicação. Existe um princípio de autonomia médica e o Einstein respeita esse princípio, apesar de haver uma recomendação no hospital para que a cloroquina não seja utilizada por conta das recomendações que se baseiam em evidências científicas”, explicou.

Em entrevista ao SBT Brasil, Nise Yamaguchi contou sobre o afastamento e declarou ter sido informada que “não poderia estar prescrevendo e nem atendendo aos meus pacientes que já estão internados”. Ela ainda afirmou que a medida porque “eles acreditam que a minha fala em prol da hidroxicloroquina não tem fundo científico denigre o hospital, porque todo mundo relaciona a minha presença à imagem do hospital.”

O comitê de ética institucional avaliará a situação da médica. “Durante essa averiguação, que deve ser breve, o hospital não esperava que o fato viesse a público. A expectativa do hospital é a de que o incidente tenha a melhor e mais célere resolução, de modo a arredar dúvidas e remover desconfortos”, disse, em nota à imprensa, o hospital.

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