Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de julho de 2020
Segundo uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), 47% da população brasileira afirma nunca ter ouvido falar sobre a doença falciforme, que atinge 7 milhões de pessoas no país, segundo o Ministério da Saúde. Para o estudo Percepção dos brasileiros sobre a Doença Falciforme, o Ibope entrevistou 2 mil homens e mulheres com mais de 16 anos de idade.
Com 3.500 novos casos diagnosticados a cada ano, é a doença hereditária mais prevalente no país. A condição afeta os glóbulos vermelhos (hemácias), responsáveis por transportar oxigênio no sangue. Essas células geralmente têm formato semelhante ao de uma bola murcha, mas não em quem tem essa doença: a aparência é de uma foice.
As manifestações clínicas da doença falciforme geralmente aparecem a partir do primeiro ano de vida da criança, e são complexas: incluem dor crônica, infecções e icterícia. A boa notícia é que ela pode ser detectada logo após o nascimento, por meio do Teste do Pezinho, ou por um exame laboratorial que avalia a porcentagem da hemoglobina S.
De acordo com o Programa Nacional de Triagem Neonatal do Ministério da Saúde, em 2019, foram diagnosticados 1.214 casos de doença falciforme no Brasil e 61.021 com hemoglobina S (traço falciforme). Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, caso não recebam o devido tratamento em tempo adequado, apenas 20% dessas crianças chegarão aos 5 anos de idade.
Uma pesquisa internacional realizada em novembro de 2019 com 2145 pessoas com a doença falciforme avaliou o impacto da condição em suas vidas. Participaram do estudo voluntários de 16 países, incluindo 260 brasileiros. Os resultados mostram que mais de 90% dos entrevistados tiveram pelo menos uma crise de dor nos 12 meses anteriores e 39% apresentaram cinco ou mais crises durante o mesmo período. A expectativa de vida de indivíduos com essa doença é, em média, 20 anos mais baixa em relação à de quem não tem o problema.
Tratamento e cura
O tratamento da doença falciforme é, principalmente, paliativo. Antibióticos, medicamentos para dor, transfusão de sangue e suplementos vitamínicos são usados ao longo de toda a vida para controlar a condição.
Já a cura do problema pode se dar por um transplante de medula óssea. Entretanto, de acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, a alternativa só funciona em 10% dos pacientes submetidos a ele.