Faltando pouco mais de duas semanas para a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um caminhão de mudança foi enviado ao Palácio da Alvorada, em Brasília, na tarde desta quinta-feira (15).
O Palácio da Alvorada é a residência oficial do presidente da República e, atualmente, é ocupado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), pela primeira-dama Michelle Bolsonaro e pela filha mais nova do presidente, Laura.
Um repórter cinematográfico da TV Globo registrou a chegada do caminhão de mudança pela entrada de serviço do Alvorada pouco antes das 16h.
Transição emperrada
Até a tarde dessa quinta, o presidente Jair Bolsonaro ainda não havia feito qualquer gesto no sentido de uma transição pacífica para o presidente eleito, Lula.
Bolsonaro não telefonou para cumprimentar o adversário pelo resultado das eleições e nem fez qualquer menção à desocupação dos palácios da Alvorada (onde o presidente mora) e do Planalto (onde o presidente trabalha), ambos em Brasília.
O atual presidente também não indicou, até o momento, se pretende participar da cerimônia de posse na Esplanada dos Ministérios e passar a faixa para Lula, como prevê o protocolo.
A partir do dia 1º, quando for oficialmente empossado no cargo, Lula terá direito a usar os dois edifícios de forma exclusiva.
Se Bolsonaro não desocupar os prédios com antecedência, no entanto, Lula pode levar algumas semanas até se mudar em definitivo – tempo necessário para limpeza, fretes e eventuais reparos, por exemplo.
A transição entre os vice-presidentes, até o momento, avança de forma mais tranquila. O atual vice e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS) ligou para o vice eleito, Geraldo Alckmin (PSB), no dia seguinte ao segundo turno.
No telefonema, ambos conversaram sobre a transição – e Mourão chegou a convidar Alckmin para visitar o Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência vizinha ao Palácio da Alvorada.
Dias depois, Alckmin visitou Mourão no espaço de trabalho da vice-presidência, em um anexo do Palácio do Planalto. A data oficial da mudança no Jaburu ainda não foi anunciada.
Faixa
Bolsonaro ainda resiste à ideia de passar a faixa ao presidente eleito, Lula, no dia da posse, em 1° de janeiro. Internamente, Bolsonaro atribui sua derrota ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que teria beneficiado Lula durante a campanha de 2022.
Para Bolsonaro, participar da posse de Lula passaria uma mensagem de concordância com o resultado das urnas. No início deste mês, o vice-presidente e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, general Hamilton Mourão (Republicanos), declarou à CNN Brasil que Bolsonaro deveria passar a faixa presidencial ao presidente eleito e sussurrar no ouvido dele que “estaria de olho”. Ele também parafraseou o ex-premiê britânico Winston Churchill, dizendo ser necessário “altivez”.
“Sou um fã do Winston Churchill, ele disse que na vitória nós temos que ser magnânimos e na derrota temos que ser altivos e desafiadores. Então, o presidente em um gesto altivo e desafiador entregue a faixa ao novo presidente, ao Lula e diga no ouvidinho dele: ‘fica atento que eu vou tá olhando tudo aquilo que você tá fazendo'”, afirmou.