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Por Redação O Sul | 25 de abril de 2020
O órgão mencionou riscos ao coração, na linha de um estudo brasileiro recentemente interrompido e de um trabalho publicado na Nature Medicine na sexta-feira (24).
A FDA afirma que há registros de arritmia e fibrilação ventricular, prolongamento do chamado intervalo QT – o preenchimento do coração pelo sangue no intervalo entre as batidas – e até mortes causadas pelo remédio, mas não detalhou quantos óbitos ocorreram. A agência também reconheceu que o medicamento sumiu da maior parte das prateleiras. A hidroxicloroquina, usada contra a malária há décadas, tem sido fortemente defendida pelo presidente americano, Donald Trump, na força-tarefa contra a Covid-19 nos EUA, o país mais afetado pelo coronavírus.
“Vamos continuar a investigação dos riscos associados ao uso da hidroxicloroquina e da cloroquina contra a Covid-19 e faremos um anúncio público quando tivermos mais informações”, disse a FDA, em nota.
Desde a primeira menção ao medicamento, em 19 de março, redes de farmácias têm reportado o esvaziamento de prateleiras com o aumento da procura, incluindo um crescimento substancial de prescrições dos próprios médicos para suas famílias. Além disso, profissionais da saúde têm sido pressionados por pacientes da Covid-19 a adotarem a cloroquina como parte do tratamento.
Na última quinta-feira, a agência reguladora de medicamentos da União Europeia também alertou para os efeitos colaterais da droga e recomendou médicos a monitorarem de perto pacientes para os quais for administrado o remédio. Até o momento, não há tratamento ou vacina cientificamente comprovada contra a Covid-19.
Nos EUA, a FDA já havia autorizado a prescrição em caráter off-label ou emergencial, ou seja, quando não há evidências de eficácia do remédio contra a doença em questão. Agora, a orientação é acompanhada de cautela. A agência reforça que os efeitos podem ser ainda piores se combinados com outros medicamentos, como o antibiótico azitromicina, e em pacientes com doenças crônicas, cardíacas e renais.
O coquetel de hidroxicloroquina com azitromicina tem sido defendido por aliados próximos de Trump, como seu advogado pessoal e ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani. O assessor tem insistido para que o presidente adira à combinação de drogas por influência de Vladimir Zelenko, um desconhecido médico familiar de uma pequena localidade no estado de Nova York. Zelenko foi impulsionado pela mídia conservadora nos EUA após propor o coquetel acompanhado de sulfato de zinco contra a Covid-19.
Capitais
O sistema de saúde de cinco capitais brasileiras — Manaus, Macapá, São Paulo, Fortaleza e Palmas — está próximo do colapso. É o que aponta um índice desenvolvido por pesquisadores de quatro universidades brasileiras e que mensura, por meio de um modelo matemático, a utilização da estrutura hospitalar pública e privada.
O índice considera a quantidade de leitos clínicos, respiradores e de médicos em fevereiro, de acordo com informações do DataSUS, e o número de casos confirmados e óbitos até 20 de abril por Covid-19, registrado pelas secretarias de saúde e coletados pelo Brasil.IO. O cálculo foi feito por pesquisadores da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (EESC/USP), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Universidade Estadual Paulista (Unesp-Bauru) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
De acordo com o índice, quanto mais perto de 1 estiver a estrutura hospitalar de uma região, maior a probabilidade do seu limite ou do colapso. É o caso das cinco capitais citadas. Em Manaus, a disparada de mortes também já afeta cemitérios, onde há filas de carros funerários. A capital do Amazonas somou até esta quarta-feira 1.958 casos confirmados e 163 mortes para Covid-19.