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Por Redação O Sul | 27 de abril de 2020
A diretoria colegiada da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) discutirá nesta terça-feira (28), em reunião ordinária pública, a possibilidade da realização de testes rápidos para Covid-19 em farmácias e drogarias.
Esta autorização seria em caráter temporário e excepcional devido à pandemia do novo coronavírus. O kit vendido nos estabelecimentos será do método
imunocromatográfico, mais indicado para exames a partir do sétimo dia do início dos sintomas.
O exame é feito com amostras de sangue, soro ou plasma. Neste caso, ocorre uma geração de cor a partir de uma reação química entre antígeno (substância estranha ao organismo) e anticorpo (elemento de defesa do organismo).
Para a medida, a autarquia suspenderia a resolução de diretoria colegiada (RDC) 44, de 17 de agosto de 2009, liberando outros exames clínicos. Atualmente, as farmácias e drogarias só têm autorização para fazer os testes de ponta de dedo para medir a glicose no sangue.
Segundo a pauta da reunião do colegiado que começará às 9h em Brasília, esta medida dispensa a análise de impacto regulatório e de concorrência pública devido ao alto grau de urgência.
Diante deste cenário, a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) enviou na última sexta-feira (24) ofícios à Anvisa e ao Ministério da Saúde demonstrando preocupação com a realização dos testes rápidos pelos estabelecimentos comerciais.
Em nota, a Abramed disse que “para evitar resultados errados, com possíveis ameaças à saúde dos pacientes […] é imprescindível assegurar a realização de exames com qualidade e segurança”.
As entidades ABBM (Associação Brasileira de Biomedicina), a CNSaúde (Confederacão Nacional de Saúde), a SBAC (Sociedade Brasileira de Análises Clínicas) e a SBPC/ML (Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial) também assinam o documento.
Prudência
A estratégia de ampliar a testagem para Covid-19 com o objetivo de reabrir a economia, defendida pelo ministro da Saúde, Nelson Teich, é vista com ressalvas pela cúpula da OMS (Organização Mundial da Saúde), por autoridades de saúde pública e por epidemiologistas.
Teich avalia que, a partir da testagem, o País poderia “sair da política de isolamento e distanciamento”.
“A gente tem que entender mais da doença. Quanto mais a gente entender, maior vai ser a nossa capacidade de administrar o momento, planejar o futuro e sair desta política do isolamento e do distanciamento. Para conhecer a doença, a gente vai ter que fazer um programa de testes”, afirmou.
A OMS, porém, se opôs a recomendar programas que usem “passaportes de imunidade” para liberar a circulação de trabalhadores, porque não há garantias de que uma pessoa não possa ser infectada pelo vírus da Covid-19 mais de uma vez.