Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 28 de setembro de 2018
A eleição presidencial de 2018 é um marco no uso das redes sociais como instrumento de campanha eleitoral. Ao mesmo tempo, relativiza a importância de mecanismos tradicionais, como o horário eleitoral gratuito. “O horário eleitoral funciona pouco este ano”, diz o jornalista Caio Tulio Costa, executivo da Torabit, plataforma de inteligência de dados lançada em fevereiro.
“Havia uma expectativa grande em relação ao horário eleitoral versus o trabalho nas redes. E esta eleição veio mostrar que o trabalho nas redes está se mostrando de suma importância neste momento”, continua Costa, que foi fundador do site UOL e ex-presidente do iG.
Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas para o primeiro turno da eleição, tem oito segundos de tempo no rádio e na TV. “Ele se beneficia do seu trabalho nas redes, que iniciou muito antes da eleição e é bem feito”, avalia Costa.
O candidato Geraldo Alckmin, do PSDB e coligado com partidos do chamado “Centrão”, tem mais de cinco minutos no horário eleitoral, mas está em quarto nas pesquisas.
“As entrevistas na televisão, os debates e as pesquisas funcionam muito melhor nas redes sociais do que no horário eleitoral. Provavelmente as pessoas não assistem mais o horário eleitoral como antes”, diz Costa. “A importância do trabalho na rede é algo que Bolsonaro e o PT entenderam há muito tempo”.
O panorama da luta eleitoral se reflete nas redes sociais nos últimos 31 dias. Isso fica claro no recorte de desempenho nas redes sociais (principalmente no Facebook e Twitter) dos cinco candidatos melhor colocados nas pesquisas tradicionais, feito pela Torabit a pedido do Valor. O período foi delimitado entre 27 de agosto (quando se iniciaram as sabatinas do Jornal Nacional) e 26 de setembro (dia do debate do SBT).
Pico
O fato político de maior impacto no período, o atentado a Jair Bolsonaro, do PSL, registrou o pico de menções para quem falou de eleições no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, Google Plus e comentários em sites, portais e blogs analisados pelo Torabit.
Outro pico aconteceu quando o PT confirmou a candidatura de Fernando Haddad, em 11 de setembro. Poucos dias depois, novo frenesi com a operação de emergência de Bolsonaro, a declaração de Ciro Gomes (PDT) de que abandonaria a política se o capitão reformado do Exército vencesse, e a primeira pesquisa Ibope depois do atentado.
Os eleitores estão interessados: os debates da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), em Aparecida do Norte, e o de quarta-feira 26 de setembro do SBT, UOL e Folha de S.Paulo foram vértices nas redes sociais.
“Um dos pontos que mais chama a atenção na análise dos números é a altíssima taxa de engajamento que os políticos conseguem nas redes”, diz Costa. O índice mostra o quanto o público curte, comenta e compartilha os conteúdos da página de um candidato, uma celebridade ou uma marca.
No caso do Torabit, os pesos são diferentes para cada ação, conforme o esforço feito por seguidores e simpatizantes. Uma curtida tem um peso, um comentário vale mais e o compartilhamento, ainda mais.
O monitoramento é diário. As ações são somadas, a cada uma aplica-se um peso, multiplica-se por 100 e divide-se pela quantidade de seguidores do dia. Assim se chega à taxa de engajamento.