A bancada do PT na Câmara dos Deputados divulgou uma nota em que acusa o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, de não estar à altura do cargo e de ser um “militante da direita brasileira”.
As críticas são uma reação à decisão do magistrado de retomar a tramitação, na Corte, do processo que apura se o PT foi financiado por dinheiro da Petrobras, o que é vetado pela legislação eleitoral e que pode levar à cassação do registro da sigla.
“Mendes tira a toga e assume, de vez, o papel de militante da direita brasileira”, acusa a mensagem, assinada pelo líder da bancada da legenda na Câmara, Afonso Florence (BA).
O texto diz, ainda, que Mendes age de forma “seletiva”, pois fecha os olhos para acusações similares que têm sido ultimamente imputadas a outros partidos.
“Ao acusar o PT de ter se beneficiado de recursos desviados da estatal, Mendes evidencia a sua seletividade, já que outras grandes legendas, tais como PSDB, PMDB, DEM e PP, também receberam recursos de empresas investigadas pela Operação Lava-Jato”, prossegue a nota. “A respeito desses partidos, o presidente do Tribunal cala-se, como sempre, enxergando problemas no sistema democrático brasileiro apenas quando se trata do PT.”
Manifestação
Nessa segunda-feira, Mendes disse que outros partidos, além do PT, poderão ser investigados e terem contra si pedidos de cassação de seus registros. “Sem dúvida nenhuma”, respondeu, ao ser questionado sobre o assunto durante entrevista à imprensa.
Relator das contas de campanha da presidenta afastada Dilma Rousseff nas eleições de 2014, o magistrado determinou na sexta-feira a abertura de uma representação contra o PT que pode resultar na cassação do registro da legenda.
O processo foi encaminhado à corregedora-geral eleitoral, Maria Theresa Assis Cavalcanti, que analisará o caso nos próximos dias.
Outras siglas
Durante a entrevista, jornalistas mencionaram as notícias recentes de que executivos da empreiteira Odebrecht já teriam admitido em seus acordos de delação premiada (que estão sendo negociados), o financiamento, por meio de caixa 2, de campanhas do PMDB e PSDB com dinheiro da empresa.
“Certamente, os outros partidos citados vão ser provocados. Por enquanto, o que nós temos são apenas declarações iniciais. Há fatos que, uma vez materializados, terão reflexo também no âmbito da Justiça Eleitoral”, respondeu o ministro. (AG/Folhapress)