Quinta-feira, 13 de março de 2025
Por Redação O Sul | 28 de junho de 2022
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, vários superiates ligados a oligarcas russos desapareceram dos sistemas internacionais de rastreamento marítimo. Mas imagens de satélite e fotografias postadas nas mídias sociais revelaram seus esconderijos.
Oligarcas russos foram atingidos por sanções internacionais após o início da guerra na Ucrânia. Desde então, seus iates sumiram “misteriosamente” dos sistemas de rastreamento.
O paradeiro de alguns dos superiates segue desconhecido, mas a BBC usou imagens de satélite publicamente disponíveis e mídias sociais para rastrear quatro deles. Saiba onde eles estão agora.
– Galactica Super Nova, ligado ao bilionário do petróleo Vagit Alekperov: O superiate de 70 metros acomoda 12 pessoas em seis suítes luxuosas e possui uma piscina com fundo de vidro de seis metros, uma cascata e um heliporto. O iate de US$ 80 milhões (R$ 420 milhões) registrou sua última posição em 2 de março, quando estava na costa de Montenegro.
De Montenegro, o Galactica Super Nova navegou mais de 1,5 mil km a sudeste sem transmitir um sinal AIS. As postagens do Instagram mostram que agora ele está na marina Port Azure em Gocek, na Turquia, tendo chegado lá em 9 de maio.
Como a Turquia não está cooperando com sanções internacionais contra Moscou, o iate parece estar fora de perigo de apreensão.
– Quantum Blue, ligado ao oligarca do varejo Sergey Galitsky: O Quantum Blue é ainda maior que o Galactica Super Nova e percorreu uma distância também superior — mais de 1,7 mil km — desde que seu sistema AIS parou de emitir sinais.
Ele vale cerca de US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão), tem 104 metros e possui uma tripulação de 40 pessoas, além de cinema, salão de beleza e heliponto.
Embora Galitsky não tenha sido alvo de sanções, o navio foi temporariamente impedido de deixar o porto de Mônaco em março. Quando foi liberado, navegou pelo Mediterrâneo e entrou no Canal de Suez em 16 de março.
Ao passar pela Península Arábica, seu sistema de rastreamento parou de enviar sinais em 22 de março, não muito longe da fronteira Iêmen-Omã.
Sua localização atual foi revelada por um colaborador da página Gibraltar Yachting no Facebook.
A fonte, que não quer ser identificada porque trabalha na indústria marítima, diz que estava de férias em Dubai e foi a Port Rashid para fotografar um superiate de propriedade do xeque Mohammed bin Rashid Al-Maktoum, primeiro-ministro dos Emirados Árabes.
Fotografias de satélite publicamente disponíveis, tiradas pela Agência Espacial Europeia, mostram que o Quantum Blue chegou a Dubai entre 14 e 29 de março e que permanece ali.
– Clio, ligado ao industrial bilionário Oleg Deripaska: O superiate de US$ 65 milhões (R$ 340 milhões) e 73 metros viajou mais longe do que qualquer um dos navios russos que desapareceram dos radares. O Clio deixou Galle, no Sri Lanka, em 10 de fevereiro e foi para as ilhas Maldivas. De lá, navegou para noroeste em direção ao Golfo antes de retornar ao arquipélago.
Depois disso, se deslocou para o Mar Vermelho, passou pelo Canal de Suez e seguiu para o norte. Seu sistema AIS interrompeu a transmissão em 18 de abril, depois de passar pelo Bósforo para o Mar Negro.
Em seguida, viajou cerca de 900 km até o porto russo de Adler. Imagens de satélite mostram que a embarcação chegou em 22 de abril e continua ali. Também apareceu em postagens no aplicativo Telegram.
– Graceful, ligado ao presidente russo Vladimir Putin: O Graceful, de 82 metros, deixou Hamburgo, onde estava sendo reparado, em 7 de fevereiro e navegou para o território russo de Kaliningrado.
Sob a convenção da ONU sobre a Segurança da Vida no Mar, os navios podem desligar seu sistema AIS enquanto estão no cais, mas os sinais da Graceful desapareceram durante sua aproximação final a Kaliningrado.
Fotos no site de mídia social russo Odnoklassniki e no aplicativo Telegram mostraram inicialmente o Graceful no rio Prególia.
Depois disso, a embarcação deslocou-se para uma doca seca pertencente ao estaleiro Yantar. Imagens de satélite da Agência Espacial Europeia mostram que o superiate fez esse movimento em 16 de março e ainda está lá agora.
Um porta-voz do presidente Putin disse à BBC: “Não sabemos nada sobre o iate mencionado. Podemos dizer enfaticamente que Putin não tem ligações com este ou qualquer outro iate”.
No entanto, o Graceful foi vinculado ao líder russo pelo Tesouro dos EUA em um comunicado que o coloca em uma lista de ativos sancionados. Segundo o governo americano, Putin “fez inúmeras viagens” no superiate.
O proprietário registrado do Graceful na Organização Marítima Internacional é uma empresa chamada JSC Argument, que, segundo uma investigação do serviço russo da BBC, está ligada a uma extensa propriedade rural na costa do Mar Negro, conhecida como “Palácio de Putin”. As informações são da BBC News.