Terça-feira, 31 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2019
A Boeing anunciou na última semana que vai pagar US$ 100 milhões para as comunidades e famílias das vítimas de dois acidentes com o avião 737 MAX, nos quais 346 pessoas morreram. As informações são da agência de notícias AFP.
“Esses fundos ajudarão a financiar a educação, as despesas diárias e as dificuldades das famílias das vítimas” e também “o desenvolvimento econômico das comunidades afetadas”, afirmou a companhia em um comunicado.
Amplamente criticada pela forma como lidou com as duas tragédias, a fabricante americana descreveu a quantia como um “investimento inicial a ser pago ao longo de vários anos”.
A empresa enfrenta inúmeros processos abertos pelas famílias das vítimas, algumas das quais compareceram em coletivas de imprensa, ou durante as audiências no Congresso que investigam os desastres.
A cifra de US$ 100 milhões é menor do que o valor de tabela de vários dos principais aviões 737 MAX.
“Na Boeing, lamentamos a trágica perda de vidas nesses acidentes, e estas vidas perdidas continuarão pesando em nossos corações e mentes durante os próximos anos”, afirmou o CEO da empresa, Dennis Muilenburg, em um comunicado.
“As famílias e os entes queridos dos que estavam a bordo têm nossa mais sinceras condolências, e esperamos que este compromisso inicial possa ajudá-los a se sentirem confortáveis”, completou.
Em 10 de março, um avião 737 MAX operado pela Ethiopian Airlines caiu, matando seus 157 ocupantes.
Foi o segundo acidente de um modelo similar em cinco meses. Em 29 de outubro passado, a queda de uma aeronave da Lion Air deixou 189 mortos.
Mistério
Permanece o mistério no centro da crise do jato 737 Max da companhia Boeing: como uma empresa conhecida por seu design meticuloso deixou passar falhas de software aparentemente básicas que levaram a dois desastres aéreos graves. Engenheiros da Boeing dizem que um dos problemas foi a decisão da empresa de contratar terceirizados com salários mais baixos, segundo informações da agência Bloomberg.
A fabricante de aviões americana e seus fornecedores têm recorrido cada vez mais a funcionários temporários que ganham apenas 9 dólares por hora para desenvolver e testar software, muitas vezes de países sem um profundo conhecimento sobre o setor aeroespacial, como a Índia.
O software do jato Max – marcado por problemas que podem manter os aviões fora de operação por mais tempo depois que reguladores dos EUA descobriram uma nova falha na semana passada – foi desenvolvido em um momento em que a Boeing passou a demitir engenheiros experientes e pressionava fornecedores para cortar custos.