Domingo, 26 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de janeiro de 2025
Na briga pelo Oscar de melhor atriz, Fernanda Torres terá que vencer duas brigas: contra a favorita Demi Moore e o retrospecto desfavorável para quem não fala a língua inglesa.
É verdade que o problema vem sendo combatido pela campanha do filme, com destaque para a atriz. Mas um recorte dos últimos 30 anos mostra que a maioria das atrizes premiadas já eram nomes bem conhecidos globalmente.
No Oscar, atores votam em atores. E a mais conhecida das indicadas, Demi Moore, larga na frente, também pela campanha que aposta no fato, ressaltado por ela no Globo de Ouro, de nunca ter sido premiada em sua carreira, ao longo da qual foi vista apenas como símbolo de beleza.
O histórico na categoria, verdade, é ingrato. Em quase 100 anos de Oscar, apenas duas atrizes – Sophia Loren e Marion Cotillard – venceram o prêmio por filmes de língua não inglesa. Cotillard por Piaf – Um Hino ao Amor (2007) e Loren, a musa máxima do cinema italiano, por Duas Mulheres (1960). Logo, a eventual vitória de Fernanda Torres seria um feito inédito para as atrizes latinas.
Mas é seguro dizer que, depois de Moore, a brasileira seja a mais cotada ao prêmio. Além da boa recepção ao filme e do respeito a Walter Salles em Hollywood, a bonita relação de Torres com sua mãe, Fernanda Montenegro, indicada por Central do Brasil em 1999, caiu bem aos olhos dos americanos.
Críticas
Karla Sofía Gascón, estrela de Emilia Pérez, corre por fora na briga. A espanhola de 52 anos tem talvez a atuação mais complicada da lista. Vai atrair votos da ala mais progressista, mas as recorrentes críticas ao longa-metragem devem afastá-la de uma parcela considerável dos eleitores.
Pelo histórico, Mikey Madison, de Anora, pode ser descartada de cara: esse é apenas seu primeiro grande papel na carreira e a Academia mostra uma recusa velada a dar o Oscar a atores/atrizes muitos jovens.
Cynthia Erivo, de Wicked, também entra sem grande entusiasmo nessa disputa, sem sinais de euforia em torno de sua interpretação. Mas ela já disputou a mesma categoria por Harriet, em 2020, ou seja, tem apoio na indústria e pode roubar votos determinantes, ainda que não sejam suficientes pra lhe render a estatueta dourada.
As próximas semanas serão decisivas. Apesar de não ter sido indicada para os prêmios SAG, Bafta e nem pelo Critics Choice, termômetros habituais para o Oscar, Fernanda Torres e sua equipe de campanha terão que torcer por derrotas de Demi Moore.
Em caso de vitórias da atriz americana, no entanto, a situação vai ficar muito mais difícil para a brasileira, que já merece todas as glórias por ter superado outras fortes candidatas – nomes como Angelina Jolie ( Maria Callas), Nicole Kidman ( Babygirl) e Tilda Swinton ( O Quarto ao Lado) – na corrida por uma das cinco vagas. Já é um feito enorme, que deve ser comemorado e lembrado por muito tempo, não importando se o desfecho for amargo. (Estadão Conteúdo)