Quarta-feira, 05 de março de 2025
Por Redação O Sul | 4 de março de 2025
Três em cada dez brasileiros vivem com obesidade, segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025. Isso quer dizer que quase sete em cada dez brasileiros estão acima do peso normal e podem ser classificados com sobrepeso (IMC de 25 a 29,9), obesidade grau I (IMC entre 30 e 34,9) ou obesidade grau II (IMC acima de 35) pela definição anterior da doença — um grupo de cientistas atualizou o conceito recentemente.
Em todo o mundo, a doença afeta mais de 1 bilhão de pessoas. O documento da Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation, WOF) revela que 68% dos adultos no País têm índice de massa corporal (IMC) acima de 25 kg/m².
O atlas projeta que, em 2030, 119,16 milhões de adultos brasileiros terão IMC alto, e 33,4% dos homens e 46,2% das mulheres conviverão com a obesidade, caso não sejam adotadas medidas efetivas para barrar a doença. Em 2010, eram 32,6 milhões de homens e 34,4 milhões de mulheres com IMC alto;
Em 2015, os números passaram para 38,5 milhões e 41,4 milhões, respectivamente; em 2030, a projeção é de 55,8 milhões de homens e 63,3 milhões de mulheres com sobrepeso e obesidade. A obesidade infantil no País também é alarmante: 12,9% das crianças entre 5 e 9 anos estão acima do peso, indicando tendências preocupantes nas próximas gerações, segundo a WOF.
“Com 32% da população brasileira com obesidade, não dá mais para falarmos que cada um tem de mudar sozinho, que a mudança é individual. É necessário mudar sistemas”, diz Bruno Halpern, vice-presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.
Doenças relacionadas
De acordo com o atlas, em 2021 o País registrou 60.913 mortes prematuras atribuídas a doenças crônicas não transmissíveis relacionadas a IMC elevado, resultando em 1.703.415 anos de vida perdidos. Os principais problemas associados ao quadro foram diabete tipo 2, doença arterial coronariana (situação em que há uma redução do fluxo sanguíneo nas artérias do coração, prejudicando o envio de sangue e oxigênio ao músculo cardíaco), acidente vascular cerebral (AVC) e alguns tipos de câncer. No mundo, a obesidade está ligada a 1,6 milhão de mortes prematuras por ano, superando os óbitos em acidentes de trânsito, afirma a WOF.
O atlas aponta que o País tem adotado políticas e ações de combate à doença, como a realização de pesquisas nos últimos cinco anos (a Vigitel 2023, por exemplo, indicou 24,3% de adultos obesos em capitais e Distrito Federal). Por outro lado, mostra que a proporção de adultos com um nível insuficiente de atividade física é alta, variando entre 40% e 50%.
Nesse sentido, a federação propõe uma abordagem múltipla, com promoção da atividade física, mas também com políticas de rotulagem de alimentos e tributação diferenciada. Assim, com o atlas, nasce a campanha global “Mudar o Mundo Pela Saúde”, com propostas para sistemas de saúde e ações governamentais. (Estadão Conteúdo)