A caderneta de poupança registrou um novo resultado negativo em agosto, com retiradas R$ 10,075 bilhões acima do valor de depósitos efetuados. Trata-se do segundo pior desempenho da aplicação para o mês na história.
De acordo com os dados publicados pelo BC (Banco Central), foram sacados R$ 331,7 bilhões e alocados R$ 321,6 bilhões na aplicação preferida dos brasileiros ao longo do mês passado.
A perda é a segunda maior apurada para o mês desde o início da série histórica, iniciada em 1995. O resultado é melhor apenas do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando as retiradas superaram as aplicações em R$ 22 bilhões.
O resultado de agosto corresponde também ao sétimo mês de saldo negativo da poupança em 2023. Até então, junho foi o único período com mais aplicações do que saques (R$ 2,6 bilhões). Com isso, a caderneta acumula perda de R$ 80,3 bilhões nos oito primeiros meses do ano.
Mesmo com a sequência de déficits desde 2021, a poupança ainda continua presente na carteira de um quarto dos brasileiros (26%), de acordo com dados do Raio X do Investidor, divulgado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Segundo o Banco Central, o saldo final de recursos alocados na poupança é de R$ 969,1 bilhões, valor 2,3% inferior ao apurado em agosto do ano passado (R$ 991,8 bilhões). Cabe ressaltar que junho de 2022 foi a última vez que o volume superou a marca de R$ 1 trilhão.
Perda de atratividade
A perda de recursos da poupança pode ser explicada pelo baixo retorno da aplicação diante de outros investimentos que oferecem segurança semelhante. Com a taxa básica de juros em 13,25% ao ano, a rentabilidade da caderneta equivale a 0,5% ao mês mais o pagamento da taxa referencial, o que significa um retorno médio de 6,34% ao ano.
Na prática, se aplicar R$ 1.000 na caderneta, o consumidor terá uma rentabilidade bruta estimada em menos de R$ 90 em 12 meses. No mesmo período, o ganho obtido em um título do Tesouro Direto atrelado à taxa Selic supera os R$ 130.
Mesmo com o baixo retorno, a caderneta conta com a ajuda da desaceleração da inflação nos últimos meses. Com o arrefecimento do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), as aplicações na poupança renderam 2,95% entre janeiro e junho, o maior ganho real desde 2017.
Além da rentabilidade abaixo da oferecida por outros investimentos, pesa a atual situação financeira da população, com 30% das famílias com dívidas atrasadas durante o mês de agosto, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).