Quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de outubro de 2018
A China usou pequenos chips inseridos em computadores de empresas americanas fabricados no país para roubar segredos tecnológicos do país, informou a Bloomberg nesta quinta-feira (4).
A agência citou 17 fontes de inteligência e de empresas dizendo que espiões chineses haviam colocado chips de computador dentro de equipamentos usados por cerca de 30 empresas, assim como por múltiplas agências de governo dos Estados Unidos, o que daria a Pequim acesso a redes internas.
Grãos de arroz
De acordo com a agência, esses chips, menores que um grão de arroz, foram instalados em equipamentos fabricados para a Amazon, que teria sido a primeira a alertar as demais empresas norte-americanas. Eles teriam sido usados também em aparelhos da Apple, assim como de outras empresas e agências governamentais.
Uma investigação que as autoridades americanas fizeram sobre o caso ao longo de três anos revelou que os hackers teriam criado uma “porta escondida” nos computadores — isto é, uma entrada mais eficiente e mais difícil de detectar do que um processo usual de hacking (violação do conteúdo da máquina).
Até a CIA
Os computadores que contêm o chip são fabricados pela empresa americana Super Micro Computer, que tem uma fábrica na China. Trata-se de uma start-up que produz equipamentos de informática para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, e também para operações de drones da CIA (agência de inteligência americana) e redes de navios da Marinha.
Citando autoridades dos Estados Unidos sob condição de anonimato, a Bloomberg informou que os chips maliciosos foram plantados por uma unidade do Exército de Libertação do Povo Chinês, que se infiltrou na cadeia de abastecimento da Super Micro. A operação teria como alvo acessar segredos comerciais valiosos e bisbilhotar redes governamentais.
Empresas negam
Num comunicado, porém, a Apple disse que “nunca encontrou chips maliciosos, manipulações de computador ou vulnerabilidades criadas intencionalmente em qualquer servidor”. A empresa, dirigida por Tim Cook, disse que refutava “praticamente cada aspecto” da reportagem.
Segundo a Bloomberg, a Amazon e a Super Micro Computer negaram ter qualquer conhecimento sobre esse tipo de espionagem. Também disseram nada saber sobre a investigação a respeito. “Nós não encontramos evidência que fundamentasse queixas sobre chips maliciosos ou modificações de hardware”, afirmou a Amazon num comunicado.
A agência disse que a Amazon, chefiada por Jeff Bezos, descobriu o problema quando adquiriu a empresa de software Elemental e examinou os servidores fabricados pela Super Micro.
Escalada de ciberataques
O Ministério de Relações Exteriores da China não respondeu imediatamente a um pedido de entrevista, mas Pequim já negou anteriormente alegações de orquestrar ataques cibernéticos contra empresas ocidentais.
O governo norte-americano disse na quarta-feira (3) que um grupo de hackers conhecido como Cloudhopper — que empresas de segurança cibernética ocidentais associam ao governo chinês — promoveu ataques a provedores de serviços de tecnologia numa campanha para roubar dados de seus clientes.
O alerta veio depois que especialistas de duas proeminentes empresas dos EUA advertiram nesta semana que a atividade de ataques cibernéticos chinesa vem aumentando em meio à escalada da guerra comercial entre Washington e Pequim.