Antes considerados secretos pela CIA (a agência de inteligência norte-americana), documentos liberados agora ao acesso público pela agência de inteligência dos Estados Unidos revelam detalhes de um encontro de Pelé com o ex-presidente americano Gerald Ford, em Washington, no dia 28 junho de 1975.
Os papéis fazem parte dos arquivos da CIA. Eles contêm telegramas, análises, artigos e correspondências internas da Casa Branca. A pasta referente ao encontro de Pelé com Ford tem 13 páginas. Trata-se de um briefing preparatório da reunião feito pelo então secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger. Uma página do documento, no entanto, não foi liberada pelos agentes da CIA ao acesso público – não se sabe, portanto, seu conteúdo.
Na abertura, o texto de apresentação de Pelé traz a pronúncia do nome do brasileiro em inglês e algumas incorreções sobre sua biografia. Diz, por exemplo, que o Rei participou da sua primeira Copa do Mundo com 16 anos. Na verdade, Pelé tinha 17 anos quando disputou o Mundial de 1958, na Suécia.
Fala ainda que, com Pelé em campo, a Seleção conquistou três Copas seguidas, feito que garantiu ao Brasil a posse definitiva da Jules Rimet. As conquistas do Brasil, porém, não foram em sequência. Ganhou os Mundiais de 1958, 1962 e 1970 com Pelé.
O documento preparado pelo secretário de Estado dos EUA lembra também que Pelé fala “um bom inglês” e que o embaixador brasileiro João Augusto de Araújo Castro é fluente. Por vias das dúvidas, um tradutor foi colocado à disposição para acompanhar a visita.
A lista de assuntos debatidos no Salão Oval consta nos documentos revelados agora pela CIA. Ford confessa a Pelé, então jogador do New York Cosmos, que a presença dele na liga norte-americana é um grande negócio para estimular o futebol e o interesse pelo esporte no país.
O ex-presidente admite que os EUA estão entre os países menos desenvolvidos no futebol e que Pelé ajudará a mudar aquele quadro. Desde aquela época, os americanos têm planos de ter uma seleção forte. Por isso, os documentos da CIA falam que “em poucos anos vamos ser capazes de montar uma equipe que pode desafiar os principais concorrentes neste esporte”.
O presidente dos EUA aproveitou que Pelé ficaria dois dias em Washington para enfrentar a equipe do Diplomats e, então, convidou o Rei para uma visita à Casa Branca. O brasileiro fora contratado pelo Cosmos havia apenas 18 dias. O acordo era de três temporadas com salários de US$ 2,8 milhões por ano. À época, Pelé era o atleta mais bem pago do mundo e sua chegada aos EUA provocou grande agitação no país. Uma visita à Casa Branca seria importante para Ford. (AE)