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Carlos Augusto P. de Castro e Sousa A cidade do futuro

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

No próximo dia 21 de abril, Brasília comemora 65 anos da sua inauguração, data que certamente será comemorada por todo o país.

A sua construção foi resultado da vontade de uma nação que se manifestou através dos tempos, tendo sido os inconfidentes de 1798 os pioneiros da ideia de afastar a capital, de uma zona portuária, para o centro do país. Posteriormente, outros ilustres brasileiros juntaram suas vozes nessa direção.

Em 1892 deu-se o primeiro ato oficial em prol da nova capital com a formação da “Comissão Exploradora do Planalto Central”, que incluiu representantes de diversas áreas da sociedade civil e militar brasileira.

Este assunto foi lentamente tomando corpo, culminando na Constituição de 1934, que incluiu em seu texto um artigo para a mudança da sede do Governo Federal. Estava aberto o caminho.

Já em 1946 foi nomeada pelo Congresso Nacional uma comissão, sob a chefia do General Polli Coelho, para estudar a localização da nova sede administrativa. Dois anos após, foi apresentada a proposta da incorporação de área territorial ao patrimônio da União, bem como fixada a data da mudança.

A Lei nº 1.803, de 5 de janeiro de 1953, determinou as providências para a criação da “Comissão de Localização da Nova Capital” visando a definir sua localização, permitindo assim que fossem feitos os estudos aerofotogramétricos necessários a esse fim.

Em 1955 essa comissão foi renomeada para “Comissão de Planejamento, Construção e Mudança da Capital Federal”, sob o comando do General José Pessoa Cavalcanti. Um ano após, Brasília teve, finalmente, seu início jurídico, e na sequência foi fixada a data de 21 de abril de 1960 para inauguração da nova capital.

É válido supor que nenhum outro problema tenha sido tão debatido e analisado por período tão longo.

Coube ao Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (famoso por seu jargão “50 anos em 5”) a árdua tarefa de levar a cabo esse magnífico empreendimento em tão pouco espaço de tempo.

No dia estabelecido, o mundo assistiu incrédulo e fascinado ao surgimento da nossa nova capital ou, como diriam à época, “A Cidade do Futuro”.

Agora, passados 65 anos, já é possível analisar qual foi o resultado do esforço hercúleo, feito pelo povo brasileiro, para levar avante e concretizar esse imenso empreendimento.

Brasília é hoje uma capital pujante e, em conjunto com suas cidades-satélites, conta com uma população de, aproximadamente, 3.000.000 de habitantes, muito acima do esperado quando do seu planejamento efetivo. Do ponto de vista econômico, está classificada na 3ª posição do ranking brasileiro de “PIB por município” (IBGE 2021), porém ocupa a 1ª posição se considerado o “PIB Per Capita”, que é o dobro da média nacional.

Entretanto, se forem analisados com mais cuidado, esses dados escondem algumas mazelas que não ficam muito claras à maioria da população brasileira. Por exemplo: o setor de serviços é responsável por 95% da economia do DF, tais como Bancos, Saúde, Educação, Turismo, Administração Pública, Defesa e Seguridade Social. Isso quer dizer que a quase totalidade da renda local provém de salários ou custos com pessoal. Pouco sobra para produção de bens.

Verifica-se também que a distribuição de renda se dá de maneira desigual, pois cerca de 55% da renda global fica com os moradores das áreas do Plano Piloto, Jardim Botânico e Lagos Norte e Sul, regiões que abrigam basicamente políticos e pessoas diretamente ligadas à administração pública e que representam apenas 14% da população.

Mas o mais notável é que para manter o maior “PIB Per Capita” do país, Brasília tornou-se um sugador de recursos públicos que devem ser supridos pelos demais estados da nação. Isso tem se dado de maneira crescente ao longo do tempo, não se vislumbrando melhoras num futuro próximo. Esse fato faz com que parte do resultado do trabalho produzido pelo povo seja desviado para satisfazer necessidades que, muitas vezes, nada tem a ver com as reais necessidades da população brasileira. Esse desvio de recursos nos leva à “máxima” de que somos um país rico com povo pobre.

Em vista disso, creio que não há muito o que comemorar, mas sim, devemos empenhar nossos maiores esforços para que a nossa capital volte a ser o exemplo do que somos capazes de fazer, como foi tão decantado e louvado há 65 anos.

(Carlos Augusto P. de Castro e Sousa – Engenheiro – Diretor da RMC Consultoria e Planejamento em Engenharia Ltda.)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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