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Geral “A classe média popular votou contra nós no Brasil inteiro”, diz o petista cotado para presidir o partido

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Edinho Silva é prefeito de Araraquara e ex-ministro da Secretaria de Comunicação de Dilma Rousseff. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Edinho Silva, prefeito de Araraquara e ex-ministro da Secretaria de Comunicação de Dilma Rousseff, é o favorito de Lula para disputar a presidência do PT no ano que vem. Para ele, é urgente o partido encontrar formas de atender a classe média urbana que aderiu ao voto antissistema e deu vitórias à direita na eleição municipal. Em entrevista ao blog de Malu Gaspar, do jornal O Globo, Edinho defende trabalhar por uma frente ampla em 2026 e diz que figuras como José Dirceu, João Paulo Cunha e João Vaccari Neto mais ajudam do que atrapalham o governo. Leia a seguir alguns trechos da entrevista.

– Você está cotado para a presidência do PT e a grande polêmica no partido hoje é se o PT foi bem ou mal nas eleições. A Gleisi Hoffmann contabiliza vitórias, enquanto o ministro Alexandre Padilha diz que o PT precisa fazer uma avaliação profunda do que aconteceu, porque ainda não saiu da zona do rebaixamento. De que lado você está?Primeiro eu quero deixar claro que eu nunca fui candidato, o que na verdade existe são conversas. Tivemos uma eleição muito difícil, numa conjuntura muito adversa para o campo progressista e democrático. Há um crescimento da direita que não é novo e se dá no mundo inteiro, desde a crise de 2008. No Brasil, ela ganhou força com as manifestações de junho de 2013, que mudaram a correlação de forças. É uma direita que se mobiliza nas ruas e nas redes, com grande capacidade de organização, que dá visibilidade a lideranças que investem no sentimento antissistema. Pessoas que acreditam que o estado não é capaz de mudar as coisas, que colocam a política em descrédito e geram uma grave crise na nossa democracia.”

– Mas depois disso teve 2022 e o Brasil elegeu Lula. Não foi uma reação?Foi, mas em um ambiente muito polarizado. E desde então, a classe média que ganha R$ 5,6 mil, R$ 7 mil reais, também começou a ser capturada. Nós perdemos as eleições onde a classe média é extensa, nas periferias. A juventude da periferia também foi cooptada pelo antissistema. A teologia da prosperidade é isso. Se o Estado não te dá perspectiva de futuro, para você poder sonhar com coisas boas, vai empreender, que pode ser que tudo isso aconteça na sua vida.”

– Por que a esquerda tem tanta dificuldade de lidar com esse eleitor? É por causa da visão anti-Estado?Sim, porque nós defendemos o Estado. E sem os instrumentos que o Estado cria, a gente não combate a desigualdade. Enquanto isso a direita ataca o Estado, Judiciário, ataca as instituições… E como não tem responsabilidade com a transformação, fica em vantagem para dialogar com antissistema. Agora, sair disso é uma construção política. Nós vamos ter que construir alianças. Tem que dialogar com o campo democrático e fazer reformas que possam melhorar a relação do Estado com a sociedade civil.”

– Um dos recados da eleição não é de insatisfação com o governo Lula?Seria errado jogar essa responsabilidade sobre o governo. E não estou minimizando não. Só que é maior que o governo, é essa classe média que engrossa o discurso antissistema. A situação que o presidente Lula assume, com o rombo fiscal, não deu a celeridade que poderia ter dado às políticas públicas. A classe média que votou em nós em 2022 queria uma resposta mais rápida. Agora, uma parte dessa resposta não depende só do Lula, depende do crescimento da economia.”

– Então você concorda que foi um erro lançar o Boulos em São Paulo, já que ele não agregou uma frente ampla? Jilmar Tatto e Quaquá fizeram essa crítica. Os partidos da frente ampla do Lula estavam na base do Nunes.Não, foi um acerto lançar o Boulos. Nessa nova geração, ele talvez seja a maior liderança da esquerda. E o Boulos não ganhou São Paulo porque a reeleição está institucionalizada. Em raras situações o prefeito sentado na cadeira não foi reeleito. A sociedade está conservadora. Claro que há fatores locais que explicam vitórias e derrotas. Mas, no geral, o eleitor pensa: entre um governo mais ou menos e um candidato que eu desconheço, deixa esse que tá aí. Além disso, é só a gente olhar o mapa eleitoral de São Paulo, a classe média popular votou contra nós. Foi só em São Paulo? Não, foi no Brasil inteiro. Nós quase perdemos Fortaleza. Eu não tenho nenhuma dúvida que nós vamos ter que fazer uma reforma política eleitoral.” As informações são do jornal O Globo.

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