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Colunistas A crise do sono: o silencioso assassino do nosso tempo

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Os efeitos da falta de sono são sentidos a médio prazo. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Você já se perguntou por que nos sentimos tão exaustos, mesmo após uma noite de sono? Ou por que a sociedade moderna enfrenta uma epidemia de doenças crônicas, depressão e obesidade? A resposta pode estar em algo que muitas vezes subestimamos: o sono.

Durante a noite, nosso corpo não apenas descansa – ele realiza uma série de processos vitais que nos mantêm vivos e saudáveis. No centro disso estão os hormônios. Durante o sono profundo, especialmente nas fases de ondas lentas, o corpo libera o hormônio do crescimento (GH). Esse hormônio é fundamental para a reparação dos músculos, ossos e tecidos, além de ajudar na queima de gordura e no funcionamento ideal do metabolismo. Sem o sono reparador, nosso corpo começa a se deteriorar silenciosamente.

A testosterona é outro pilar de nossa saúde dependente do sono. Homens que não dormem o suficiente veem seus níveis de testosterona caírem, afetando libido e vitalidade, e levando a problemas como perda muscular e disfunção erétil. Estudos mostram que apenas uma semana de sono insuficiente pode causar uma queda dramática nesse hormônio, transformando energia em exaustão.

Além disso, a melatonina é frequentemente subestimada. Mais do que um simples marcador do início do sono, a melatonina desempenha um papel crucial na proteção do nosso metabolismo. Ela combate os radicais livres, melhora a sensibilidade à insulina e pode até ajudar a prevenir doenças crônicas como o diabetes tipo 2. A privação desse hormônio transforma nosso corpo em um verdadeiro campo de batalha metabólico, onde a obesidade, a inflamação e o estresse oxidativo ganham terreno rapidamente.

Imagine agora que você está dormindo, mas seu corpo para de respirar. Isso é apneia obstrutiva do sono, um distúrbio que afeta milhões de pessoas, muitas vezes sem diagnóstico. Esse distúrbio pode desencadear problemas graves, como hipertensão e ataques cardíacos. Também está ligado a diabetes, depressão e disfunção erétil, fazendo do sono um ciclo vicioso de deterioração da saúde.

Em busca de alívio, muitos recorrem a medicamentos para dormir. Porém, essas pílulas podem fazer mais mal do que bem. O uso indiscriminado de sedativos pode levar à dependência e a um sono artificial que não repara o corpo. Estudos mostram que o uso prolongado desses medicamentos está associado a um maior risco de demência, criando um paradoxo: dormir, mas nunca realmente descansar.

Mas há esperança. Medidas simples e práticas podem melhorar significativamente a qualidade do sono e, consequentemente, nossa saúde geral. O contato com a natureza, por exemplo, é uma maneira eficaz de regular o ciclo circadiano. A exposição à luz natural durante o dia e a redução da exposição a telas antes de dormir ajudam o corpo a se preparar para um sono reparador, ajustando naturalmente a produção de melatonina.

Controlar a ansiedade é outra chave crucial para garantir um sono de qualidade. Técnicas como meditação, respiração profunda e a prática regular de mindfulness podem ajudar a acalmar a mente e permitir que o corpo se entregue ao sono profundo e restaurador. Além disso, a prática regular de atividade física é fundamental – exercitar-se durante o dia não só melhora a saúde física, mas também facilita a transição para o sono à noite.

A suplementação pode ser uma aliada poderosa quando usada corretamente. Suplementos como magnésio, melatonina e óleos essenciais, como lavanda, são conhecidos por promover um sono mais tranquilo e profundo. Contudo, é importante que sejam utilizados com cautela e sempre sob orientação profissional para garantir sua eficácia e segurança.

Por fim, a higiene do sono é um aspecto essencial que não pode ser negligenciado. Criar um ambiente propício para dormir – mantendo o quarto escuro, silencioso e em temperatura agradável, é crucial para um descanso de qualidade.

Em um mundo onde a privação de sono é comum, é hora de valorizar esse bem precioso. Dormir bem não é apenas descansar; é investir na saúde, vitalidade e no futuro. Afinal, é durante o sono que o corpo se reconstrói e a mente se renova, preparando-nos para os desafios de um novo dia.

Fernando Bastos é médico, palestrante e escritor. Autor do Best Seller “O Ciclo Original”

  • @drfernandobastos (Instagram)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/a-crise-do-sono-o-silencioso-assassino-do-nosso-tempo/ A crise do sono: o silencioso assassino do nosso tempo 2024-08-30
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