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A cronologia da tragédia no Rio Grande do Sul

Enchentes sem precedentes atingem mais de 2 milhões de gaúchos. (Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)

Em pouco mais de uma semana, 447 municípios gaúchos tiveram bairros inteiros engolidos por uma chuva que não para de cair. A maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul já deixou pelo menos 143 mortos e afetou mais de 2 milhões de pessoas.

A cronologia da tragédia

29 de abril: Primeiro alerta vermelho

Desde o dia 27 de abril, áreas no Vale do Rio Pardo, na região central do Estado, já sofriam com fortes chuvas e granizo. Em 29 de abril que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu o primeiro alerta vermelho de volume elevado de chuva.

30 de abril: Primeiras mortes

Foram registradas as primeiras cinco mortes. Foram duas na cidade de Paverama, uma em Pantano Grande, uma em Encantado e uma em Santa Maria. Dezoito pessoas estavam desaparecidas naquele momento e 77 municípios eram considerados impactados pela água.

1° de maio: Calamidade pública

O cenário piorou dramaticamente. Já eram 114 municípios e mais de 19 mil pessoas afetadas. O RS decretou estado de calamidade pública. Foram contabilizadas mais cinco mortes, totalizando 10 óbitos.

2 de maio: Mais mortes
O número de vítimas fatais disparou, com 19 novas mortes registradas em 24 horas.

“Não estamos conseguindo acessar determinadas localidades e sabemos de deslizamentos, de inundações e de pessoas que estão em locais inacessíveis. Infelizmente, esses números vão ainda aumentar”, afirmou o governador Eduardo Leite.

Mais de 4.500 pessoas já estavam em abrigos em todo o Estado.

Entre 1° e 2 de maio, a quantidade de chuva era tamanha que sete cidades do Rio Grande do Sul foram ranqueadas entre as que tiveram o maior índice pluviométrico do mundo, medido pelo instituto meteorológico Ogimet.

3 de maio: Mais da metade do Estado afetada

Já eram 265 municípios afetados, mais da metade do RS.

O Guaíba ultrapassou a marca histórica de 1941 e alcançou o nível inédito de 4,77 metros. Isso causou inundações em diversos bairros da capital gaúcha, incluindo o centro histórico.

A rodoviária e os centros de treinamento do Internacional e Grêmio ficaram debaixo d’água.

A Defesa Civil alertou para rompimento parcial da barragem 14 de Julho e advertiu que moradores de sete municípios da região deveriam sair das áreas de risco e procurar abrigos.

O órgão também colocou o rio Taquari em situação de inundação severa.

O Vale do Taquari é formado por cidades como Estrela, Lajeado, Roca Sales, Muçum, Arrio do Meio e Cruzeiro do Sul – municípios que já haviam enfrentado enchentes no ano passado.

As mortes chegaram a 39 e 68 pessoas estavam desaparecidas.

4 de maio: Mortes já superam as de 2023
O número de mortos ultrapassou o da tragédia ambiental de setembro de 2023 no Estado, quando 54 pessoas morreram em enchentes. A estatística chegava a 55, com 74 desaparecidos.

Além dos danos a casas e prédios, a infraestrutura pública também havia sido atingida. Com mais de 400 mil pontos sem energia elétrica e pelo menos 186 municípios sem sinal de internet e telefone. E mais de 1 milhão de casas estavam sem abastecimento de água.

5 de maio: ‘Cenário de guerra’
“É um cenário de guerra no Estado. E como cenário de guerra, vai ter que ter também um pós-guerra”, disse o governador Eduardo Leite.

Naquele momento o governo estadual já havia restabelecido o canal de doações por Pix chamado de SOS Rio Grande do Sul, usado no ano anterior.

As autoridades também criaram contas para doações internacionais.

Em paralelo, centenas de ONGs e grupos espontâneos criados por brasileiros em diversos estados do país e no exterior faziam arrecadações em dinheiro, mantimentos e outros itens de primeira necessidade para serem enviados.

6 de maio: Guaíba alcança 5,33 metros
O Guaíba continuou a subir e chegou a 5,33 metros. O aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, foi fechado por tempo indeterminado. Já eram 85 óbitos confirmados, e 385 dos 497 municípios do estado já tinham sido atingidos.

7 de maio: 160 mil desabrigados
Número de desabrigados chegou a quase 160 mil.

8 de maio: Nova frente fria
Uma nova frente fria chegou ao Estado, derrubou as temperaturas e causou mais chuvas e ventos fortes, além de riscos de raios e trovoadas.

9 de maio: Fuga de Porto Alegre
Eram de mais de 1,7 milhão de pessoas afetadas, com centenas de relatos de famílias desesperadas e sem saber o que fazer diante da tragédia. Com o desabastecimento, supermercados ficaram lotados de pessoas em busca de água mineral e alimentos básicos.

10 de maio: quase 2 milhões de pessoas afetadas
O RS contabilizava 126 mortos, 141 desaparecidos e 756 feridos.

Cerca de 1,9 milhão de pessoas foram afetadas em 441 municípios, com 340 mil tendo que deixar suas casas e 71 mil alojadas em abrigos.

11 de maio e as perspectivas de chuva no fim de semana
Os números da tragédia continuaram a subir no sábado. O RS contabilizava 136 mortos, 125 desaparecidos e 806 feridos.

12 de maio: 143 pessoas mortas e 125 desaparecidas.

A previsão é que o Rio Grande do Sul volte a sofrer com temporais. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas devem ser mais intensas no centro-leste e nordeste do estado.

A região metropolitana de Porto Alegre, já muito atingida pelas enchentes, também deve registrar grandes volumes de chuva até a próxima segunda.

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