Sábado, 26 de abril de 2025

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Saúde “A cultura pop normaliza o uso de álcool e drogas”

Compartilhe esta notícia:

O consumo de álcool e drogas tem crescido entre jovens. (Foto: Reprodução)

Jorge Jaber é psiquiatra, graduado em Medicina pela Universidade do Estado com MBA pela Fundação Getúlio Vargas. É diretor da Clínica Jorge Jaber, filiada à World Federation for Mental Health, que há mais de 35 anos atua na prevenção, tratamento e pesquisa da saúde mental. É especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria, é grande benfeitor da Academia Nacional de Medicina, Membro da New York Academy of Sciences e da American Psychiatric Association. E fundador da banda de carnaval “Alegria Sem Ressaca”.

Em entrevista ao jornal O Dia, o psiquiatra fala sobre o aumento do consumo de álcool e drogas entre os jovens.

– O consumo de álcool e drogas tem crescido entre jovens. Como a família e a escola podem agir para evitar essa dependência? “O aumento do consumo entre os jovens pode ser explicado por uma combinação de fatores: vulnerabilidades emocionais, pressão social, fácil acesso às substâncias e a falsa sensação de que o uso é inofensivo ou passageiro. Muitos adolescentes também buscam nas drogas uma forma de lidar com ansiedade, frustrações ou de se sentirem aceitos em determinados grupos. A prevenção começa com informação e vínculo. Famílias presentes, com diálogo aberto e sem julgamentos, são fundamentais. Escolas também têm papel essencial: promover debates sobre saúde mental, oferecer escuta qualificada e desenvolver programas de prevenção estruturados. A educação emocional e a valorização de espaços de escuta e acolhimento são tão importantes quanto os conteúdos pedagógicos.

– Como a saúde física e a mental são afetadas pelas drogas? “O impacto das drogas é profundo e diverso. Do ponto de vista físico, elas podem comprometer o funcionamento de órgãos vitais, provocar distúrbios cardíacos, hepáticos, respiratórios e neurológicos. A longo prazo, aumentam o risco de doenças crônicas e até de morte precoce. Na saúde mental, o efeito é igualmente devastador. O uso contínuo pode desencadear ou agravar transtornos como depressão, ansiedade, psicose e comportamento suicida. Além disso, o prejuízo cognitivo, a perda de autonomia e os danos nas relações interpessoais são consequências frequentes.

– Quais os riscos dos novos entorpecentes, como o fentanil? “O fentanil é um opioide extremamente potente, cerca de 50 vezes mais forte que a heroína. O risco mais grave é a overdose, que pode levar à morte em poucos minutos. Além disso, o fentanil é frequentemente misturado a outras drogas, como cocaína ou comprimidos falsificados, o que dificulta ainda mais seu controle e aumenta o risco de contaminação involuntária. O avanço dessa substância exige uma resposta urgente do sistema de saúde, com foco em prevenção, monitoramento e tratamento especializado.

– O consumo de álcool tem aumentado entre mulheres também? Por quê? “Sim, o consumo de álcool entre mulheres tem aumentado nos últimos anos. Muitas vezes, esse aumento está ligado a sobrecarga emocional, múltiplas jornadas de trabalho, pressão estética, solidão ou mesmo violência doméstica. Apesar disso, o estigma em torno do alcoolismo feminino ainda é maior, o que dificulta o pedido de ajuda e a adesão ao tratamento. Socialmente, a mulher ainda é cobrada por padrões de comportamento mais rígidos, o que faz com que muitas ocultem o problema, agravando-o silenciosamente. É fundamental promover acolhimento sem julgamento e ampliar políticas públicas voltadas à saúde mental das mulheres.

– O que mudou no tratamento da dependência nos últimos anos nas políticas públicas e na responsabilidade coletiva? “Houve avanços importantes, como a ampliação da rede de atenção psicossocial (RAPS) e o reconhecimento da dependência química como um problema de saúde pública, e não apenas de segurança. No entanto, ainda há desafios. A oferta de tratamento especializado é desigual no território nacional, e faltam recursos para prevenção, acompanhamento contínuo e reinserção social. A dependência química deve ser entendida como uma responsabilidade coletiva: envolve famílias, escolas, comunidade, poder público e sociedade como um todo. O estigma ainda é um obstáculo. É preciso uma abordagem mais humanizada, baseada em evidências, que respeite a dignidade e o tempo de cada pessoa em tratamento.

– O álcool e as drogas são associados à diversão. Qual é a influência da mídia e da cultura pop no comportamento de consumo? “A mídia e a cultura pop têm papel significativo na normalização do uso de álcool e drogas. Filmes, séries, músicas e influenciadores muitas vezes romantizam o consumo como algo inevitável ou glamouroso, especialmente entre os jovens. É importante lembrar que o cérebro em formação é mais vulnerável aos efeitos dessas mensagens. Por isso, campanhas educativas e o envolvimento de artistas e figuras públicas em narrativas que valorizem a saúde, a autenticidade e o bem-estar são essenciais. Comunicação e entretenimento podem – e devem – ser aliados na prevenção.” As informações são do jornal O Dia.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Saúde

WhatsApp encerra suporte em diversos aparelhos a partir do mês que vem
Lucas Jagger rebate crítica sobre postura em vídeo com Can Yaman e Michele Morrone
https://www.osul.com.br/a-cultura-pop-normaliza-o-uso-de-alcool-e-drogas/ “A cultura pop normaliza o uso de álcool e drogas” 2025-04-25
Deixe seu comentário
Pode te interessar