Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de dezembro de 2022
Messi foi obrigado a tomar cerca de 2 mil aplicações de injeção nas pernas, de forma alternada (cada noite numa perna).
Foto: ReproduçãoO técnico Salvador Aparício e seu então assistente, Oscar López, estavam prontos para comandar um treino de crianças no campo de futebol do time Abanderado Grandoli, em Rosário, na Argentina, quando perceberam que um jogador estava ausente. Eles decidiram, então, convidar o irmão mais novo de Rodrigo, um dos “craques” da equipe. Embora o pequeno Lionel não tivesse idade suficiente, tinha só 5 anos, eles pediram permissão à avó dos garotos, Célia, para incluí-lo no treino.
“Ele começou tímido. Não jogava e ficava mexendo numas pedras no chão. Até que a bola caiu em seus pés. Aí, parecia que tinha jogado a vida toda. No primeiro treino, fez até um gol”, disse Lopez, em uma entrevista em 2009, no bairro onde o jogador nasceu. “Eu e Aparício só tivemos a sorte de estar ali. A habilidade nasceu com Messi. A bola estava sempre presa com ele.”
Os vizinhos contaram que Messi brincava com uma bola de tênis na rua e chutava com os dois pés. Coube ao treinador, que morreu em 2008, dar à criança o apelido de Pulga, por causa de seu tamanho. Naquela época, o menino e sua família ainda não sabiam, mas ele tinha uma deficiência de produção hormonal que atrasava o seu crescimento. Aos 9 anos, já atuando nas divisões de base do Newell´s Old Boys, em Rosário, ele media apenas 1,27 metro e foi encaminhado para um endocrinologista.
“Ele chegou dizendo que a única coisa que queria era ter altura para jogar futebol”, contou o médico argentino Diego Schwarzstein, em 2014. “E eu dizia para ele ‘fica tranquilo, um dia você mais ser mais alto que o Maradona, não sei se vai ser melhor que ele, mas será mais alto”.
O especialista estava até certo ponto acostumado a receber jovens atletas do Newell´s Old Boys com questões hormonais. Antes de receber o pequeno Lionel, ouviu dos representantes do clube que eles o enviaram “um garoto que é o melhor que temos entre uns mil iniciantes de todas as divisões inferiores, mas é bem baixinho”. De acordo com Schwarzstein, foram necessárias várias análises para se detectar nele um déficit na produção de hormônio do crescimento que afeta uma em cada 20 mil crianças.
O tratamento envolve a substituição do hormônio do crescimento na quantidade que falta durante a fase de crescimento, ou seja, até os 16 anos de idade. Messi foi obrigado a tomar cerca de 2 mil aplicações de injeção nas pernas, de forma alternada (cada noite numa perna). Além de doloroso, o tratamento custava muito caro, algo em torno de US$ 1 mil, alto demais para a família. A siderúrgica para a qual o pai trabalhava arcava com parte dos gastos, mas, entre 2000 e 2001, durante uma grave crise econômica, ele perdeu o benefício. Foi quando bateu o desespero.
O Newell´s Old Boys se recusava a bancar a terapia. Felizmente, nessa época, dois olheiros de Buenos Aires que tinham observado Messi durante um teste no River Plate entraram em contato com seu parceiro na Espanha. Este, por sua vez, procurou o treinador Carles Rexach, do Barcelona, e foi tudo arranjado. No dia 17 de setembro de 2000, Lionel e seu pai, Jorge, chegaram ao aeroporto El Prat, na Catalunha. O menino de 13 anos passou pelos testes e, em janeiro de 2001, a família e o clube fecharam um acordo no qual o time concordava em dar emprego ao pai e pagar o tratamento.
Então, o adolescente já havia se submetido a cerca de 70% do tratamento, que foi devidamente completado em Barcelona, enquanto ele se desenvolvia nas divisões de base do tradicional clube. Hoje, Messi não pode ser chamado de um homem alto, tem 1,69 metro.