Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 1 de maio de 2018
A notícia de que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque poderá assinar um acordo de delação premiada com a Operação Lava-Jato é a mais nova ameaça ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT. Afinal, o engenheiro teria sido indicado pelo partido para operar um dos cargos-chave da estatal, por meio da assinatura de contratos bilionários com grandes empreiteiras.
O objetivo: gerar propinas para financiar a manutenção do que muitos detratores do chamdo “lulopetismo” apontam como um projeto de poder da legenda e irrigar o bolso de sua cúpula. Com o então presidente da República à frente de todos, de acordo com denúncias.
Trajetória
Duque exerceu esta função durante os oito anos da gestão de Lula no Palácio do Planalto (2003-2010) e os dois primeiros anos de Dilma Rousseff na chefia do Executivo (2011-2016). Preso em Curitiba (PR) desde o final de 2014, o ex-executivo agora poderá contribuir de forma decisiva na montagem de algumas pelas do quebra-cabeça do escândalo de corrupção na estatal.
O ex-ministro Antonio Palocci, por exemplo, deve ter relatado à PF (Polícia Federal) – e já contou em um testemunho informal ao juiz federal Sérgio Moro, da Lava-Jato, que no fim de seu segundo mandato Lula estabeleceu que o programa megalomaníaco de construir no Brasil sondas para explorar o pré-sal geraria propinas para financiar a campanha de sua sucessora.
Esse plano teria sido compartilhado em reunião com a própria Dilma e com o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
Relatos
O empreiteiro Marcelo Odebrecht contou que não via com bons olhos aquele “delírio bilionário”. E Renato Duque tem muito a contar sobre isso, em especial no que se refere à Sete Brasil, empresa de capital misto criada pela Petrobras com bancos privados (Bradesco, Itaú, Santander, BTG Pactual), estatais (Banco do Brasil, Caixa), fundos de servidores desses bancos (Previ, Funcef) e dinheiro do Fundo de Investimentos do FGTS. Ou seja, dos assalariados do setor privado.
Mas o que virou um gigantesco “mico” na contabilidade dessas instituições, certamente foi um grande sucesso do ponto-de-vista da corrupção nas instâncias superiores do poder.
Dilma
Caso se confirme a sua delação premiada, Duque poderá explicar com detalhes por que concluiu que Lula era o “chefe” da organização criminosa que saqueou a Petrobras, com ramificações no setor elétrico. Dilma, por sua vez, sofrerá novos (e mais profundos) arranhões na imagem de ilibada reputação. A presidenta teria chamado Duque até Brasília para reforçar a posição dele de arrecadador de dinheiro sujo para campanhas do PT.
Por extrema ironia, a defesa de Lula comemorou a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (pelos votos de Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes) de, no mínimo, dificultar o acesso de Moro a depoimentos de Marcelo Odebrecht referentes ao ex-presidente.
Mas o que vem por aí pela boca de Renato Duque, segundo fontes de Brasília, deve preencher lacunas que porventura sejam criadas pela Segunda Turma nos processos da Lava-Jato. E, de quebra, abrir outros grandes rombos na couraça jurídica com que se tenta proteger o ex-presidente.