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Por Redação O Sul | 22 de maio de 2019
Dados divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) na terça-feira (21) mostraram que, depois de uma desaceleração no segundo semestre de 2018, a economia global se estabilizou. Porém, a previsão é de que nos próximos dois anos o crescimento seja moderado e frágil.
O motivo da apreensão são as tensões comerciais. “O crescimento está se estabilizando, mas a economia está fraca, e há riscos muito sérios no horizonte”, alertou a economista-chefe da OCDE, Laurence Boone, em entrevista publicada pelo Quartz.
Para a OCDE, as tarifas comerciais impostas por Estados Unidos e China estão desacelerando o crescimento e aumentando a inflação. Isso fará com que, até 2021, a produção econômica dos EUA fique em 0,2% e a da China em -0,3%.
As tarifas extras anunciadas no início de maio devem dobrar o impacto negativo na economia global. Se for levado em conta o pior cenário possível, com tarifas de 25% sobre o comércio entre Estados Unidos e China, a previsão é de que, em 2021, o PIB global seja 0,7% menor.
Internamente, nesse contexto, os EUA teriam um declínio de crescimento de 0,9% e a China de 1,1%. O impacto disso em outros países é inevitável, dada a influência econômica de ambas as nações.
A economista-chefe da OCDE descreveu a perspectiva do futuro da economia global como “um pouco sombria”. Isso porque grande parte dos países não pode arcar com declínios de crescimento.
Dados
A expectativa da OCDE é de que o crescimento do PIB mundial caia de 3,5%, registrado em 2018, para 3,2% neste ano. Olhando para o futuro, em 2020 a expectativa é de que o crescimento fique em 3,4%.
O comércio global, por outro lado, deve crescer 2,1% neste ano — a menor taxa em 10 anos; em 2018, o crescimento foi de 3,9% e, no ano anterior, de 5,5%.
Entre os países do G20, Brasil, Arábia Saudita, África do Sul, Argentina e Índia deverão crescer em 2019, de acordo com OCDE.
Empresas
Mais de sete em cada dez empresas dos Estados Unidos na China (74,9%) estão sendo afetadas negativamente pela guerra comercial entre os dois países, de acordo com uma pesquisa publicada nesta quarta-feira pela Câmara de Comércio Americana na China.
“O impacto negativo das tarifas é claro e prejudica a competitividade das empresas americanas na China”, aponta o relatório divulgado hoje com as conclusões da pesquisa feita pela Amcham China e pela Amcham Xangai para suas empresas associadas.
A pesquisa foi realizada entre os dias 16 e 20 deste mês e nela participaram 250 empresas. Delas, 61,6% estão relacionadas com a manufatura, 25,5% com serviços, 3,8% com a venda no varejo e distribuição, e 9,6% com outras indústrias.
O impacto foi maior para os fabricantes, com 81,5% afetados pelas tarifas americanas e 85,2% pelas tarifas chinesas.
Com o avanço das negociações com a China, no dia 25 de fevereiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, adiou a imposição de tarifas contra produtos chineses no valor de US$ 200 bilhões que entrariam em vigor no dia 2 de março, mas, finalmente no último dia 10, confirmou o aumento tarifário de 10% a 25% para as importações chinesas de mais de 5 mil produtos.
Portanto, a pesquisa foi realizada após a escalada das tensões desencadeadas por Trump, que por sua vez provocou uma reação das autoridades chinesas com novas tarifas.
O impacto dos impostos é sentida através da redução da demanda por produtos (52,1%), os custos de produção mais elevados (42,4%) e preços de venda mais elevados de produtos (38,2%).