Apesar da paralisação dos caminhoneiros ocorrida em maio, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro terminou o segundo trimestre no azul, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A economia cresceu 0,2% entre abril e junho na comparação com o trimestre anterior. Em valor, o PIB foi de R$ 1,693 trilhão.
Em relação ao mesmo período do ano passado, quando o País dava os primeiros passos de saída da recessão, a alta foi de 1%. Em abril, antes da greve dos caminhoneiros, os economistas previam que o crescimento pudesse ser pelo menos o dobro do que acabou se confirmando nessa medida de comparação.
No entanto, o resultado veio acima do esperado pela maior parte dos analistas do mercado financeiro consultados pela agência Bloomberg. A aposta central era de um leve crescimento de 0,1% no trimestre em relação aos três primeiros meses do ano e de uma expansão de 1,1% ante o segundo trimestre de 2017.
No acumulado em 2018, a economia cresceu 1,1%, segundo o IBGE. A previsão do governo é de que o PIB termine o ano com uma expansão de 1,6%, mas para os economistas as apostas estão mais moderadas, de 1,47%.
O segundo trimestre começou forte, segundo a economista Silvia Matos, do Ibre/FGV. Mas a paralisação, que durou 11 dias no fim de maio, fez com que setores como a indústria de transformação e o de transportes mergulhassem no negativo. Sem insumos para produzir nem capacidade de escoamento, fábricas paralisaram totalmente suas atividades. No campo, animais morreram sem alimento e outros produtos, como leite e ovos, estragaram e foram jogados fora.
Em junho, setores recuperaram a perda do mês anterior – a produção da indústria cresceu 13% depois de mergulhar 11% – , mas isso foi insuficiente para resgatar o ritmo de expansão em que estavam antes da paralisação estourar.
Setores
O IBGE revelou que a indústria caiu 0,6% no segundo trimestre, ante os primeiros três meses do ano. Os serviços tiveram uma leve alta, de 0,3%, e a agropecuária também ficou no zero a zero. Em comparação com o mesmo período do ano passado, quase todos os setores aparecem no azul: indústria (1,2%), serviços (1,2%) e agropecuária (-0,4%), em razão da base fraca de comparação.
Olhando o PIB pela demanda, os investimentos recuaram 1,8%, ante o primeiro trimestre do ano, afetados pela quebra da confiança de empresários, que retomava lentamente após a saída da recessão. O consumo das famílias cresceu 0,1%, e os gastos do governo, 0,5%, amparados em uma maior arrecadação de impostos. Em relação ao segundo trimestre do ano passado, os investimentos subiram 3,7%, o consumo, 1,7%, e os gastos do governo, 0,1%. O consumo e os serviços crescem na esteira da maior geração de empregos neste ano, mesmo que em vagas de menor qualidade, em ocupações informais.
O crédito às pessoas físicas também está no positivo e, segundo dados do Banco Central, cresceu 9,4% nos 12 meses encerrados em julho, graças principalmente a linhas com mais garantias aos bancos emprestadores, como consignado e de automóveis.