A Embraer entregou nesta quinta-feira (12) a primeira unidade do jato E195-E2, maior avião comercial projetado e construído no Brasil. O modelo é o segundo lançamento da nova família de jatos E2, aposta da futura Boeing Brasil Commercial no mercado de aviões para até 150 passageiros — o menor E190-E2 foi lançado em 2018. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
“Ao completar 50 anos não poderia imaginar um momento mais significativo para a Embraer do que entregar o maior avião que já fizemos para uma empresa daqui”, afirmou o presidente executivo da Embraer Aviação Comercial, John Slattery, durante a cerimônia de entrega do avião em São José dos Campos (SP).
A companhia de lançamento do E195-E2 será a Azul, que encomendou 51 unidades para renovar sua frota. Hoje, a Azul voa com o E190 e o E195 de primeira geração, sendo a única grande companhia aérea brasileira a operar jatos da Embraer. A meta é substituir todos os jatos E1 por E2 até 2022, afirmou o fundador da Azul, o executivo David Neeleman.
A primeira rota operada pelo E195-E2 será Campinas-Brasília. “Queremos mostrar para o governo essa bela aeronave fabricada aqui [no Brasil]. Vamos começar já em outubro”, afirmou o presidente executivo da Azul, John Rodgerson.
Segundo ele, a companhia espera abrir de seis a oito novas rotas por ano graças ao E2. Uma delas será o voo para Natal saindo de Campinas, maior hub da Azul.
Rodgerson disse ainda que a partir de janeiro todos os aviões entregues à Azul já terão wi-fi a bordo. “O preço não vou divulgar agora mas vai ser quase zero”, brincou.
O desafio do novo avião será provar a economia que promete para deslanchar as vendas.
A Azul vai operar o E195-E2 na configuração de classe única, com 136 assentos —o modelo tem capacidade para até 146 passageiros, quase 20 a mais do que o modelo da primeira geração.
Ao mesmo tempo, o custo por assento, cálculo crucial para as companhias, caiu 25,4% em relação ao antecessor, segundo a Embraer. Os custos de manutenção são 20% menores, também de acordo com a fabricante.
Além disso, o alcance de voo aumentou, chegando a 4.917 quilômetros. “Normalmente se melhora um ou outro [custo por assento ou alcance]. Com o E2 conseguimos ambos”, ressaltou Slattery.
Dos US$ 1,75 bilhão (R$ 7,1 bilhões) investidos no programa E2, 25% foram destinados ao desenvolvimento das novas asas. Em comparação à primeira geração, 75% dos sistemas do E2 são novos.
Investidores gostaram das novidades. As ações da companhia aérea saltaram 5,4% no pregão da Bolsa desta quinta (2) e foram a R$ 52, maior valor em um mês. As ações da Embraer subiram 4,4%, a R$ 19,46, também maior patamar desde agosto.
Até o momento, no entanto, as encomendas não deslancharam. Dentre os 124 pedidos firmes pelo novo modelo, a Azul é a única cliente de grande porte. Outras encomendas vieram de pequenas companhias da Espanha, Nigéria e empresas de leasing.
Um outro potencial grande cliente, a holandesa KLM, ainda não finalizou o acordo anunciado em junho para a compra de até 35 aviões E195-E2, sendo 15 pedidos firmes e 20 opções (que podem ou não ser transformadas em compras firmes).
E um antigo cliente, a americana JetBlue, controlada por Neeleman, trocou o E195-E2 pelos Airbus A220, frutos da parceria da fabricante europeia com a canadense Bombardier, principal rival da Embraer.