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A empresa brasileira Natura confirma a negociação para compra da Avon

Natura postou imagem sobre a aquisição da Avon. (Foto: Reprodução/Twitter)

A Natura confirmou, nesta quarta-feira (22), que está em discussões avançadas com a Avon a respeito da aquisição da empresa, em uma operação que envolve troca de ações (o chamado all-share merger), que resultaria na combinação dos negócios, operações e das bases acionárias das duas empresas.

No entanto, a brasileira informou que atualmente está negociando os termos e condições contratuais finais da transação e que não há como garantir que “uma transação definitiva será anunciada”.

A Dow Jones Newswires publicou que o acordo de compra da Avon pela Natura está próximo de um desfecho e que o acordo pode ser anunciado a qualquer momento, uma vez que os conselhos de ambas as empresas já aprovaram os termos do negócio. Já o Financial Times divulgou que pelo acordo, que seria exclusivamente em ações, a empresa americana é avaliada em mais de US$ 2 bilhões.

“Qualquer potencial transação estaria sujeita às aprovações regulatórias aplicáveis, assim como à aprovação pelos órgãos de administração e bases acionárias das partes”, destacou a Natura em comunicado.

Queda na Bolsa

As ações da Natura lideravam as maiores baixas do Ibovespa na manhã desta quarta, com queda de 5,30%, depois que a empresa confirmou a negociação com a Avon.

O analista da Brasil Plural Andres Estevez vê o possível acordo como negativo, uma vez que “comprar uma operação que está sendo avaliada em US$ 1,4 bilhão por cerca de US$ 2 bilhões é um prêmio muito grande dada as dificuldades operacionais da Avon, além das dificuldades que a empresa possui em todas as regiões que atua”, explica.

No decorrer do dia, no entanto, o cenário na Bolsa mudou.

Tamanho e alta

Juntas, as duas empresas formam o quarto maior grupo exclusivo de beleza no mundo em valor de faturamento líquido, informam em comunicado.

Os acionistas da Natura &Co ficarão com 76% da companhia, enquanto os acionistas da Avon terão 24%. O grupo combinado terá valor de US$ 11 bilhões (R$ 44,2 bilhões).

Nesta quarta-feira (22), o jornal Financial Times informou que a transação seria de US$ 2 bilhões (mais de R$ 8 bilhões). O valor da negociação não foi divulgado. ​

Com a operação, as companhias passam a ter faturamento anual superior a US$ 10 bilhões (R$ 40,2 bilhões), mais de 40 mil colaboradores e presença em cem países.

Durante o dia, as ações das duas empresas subiram e fecharam em alta. A Avon encerrou a quarta com valor de mercado de US$ 1,6 bilhão (R$ 6,4 bilhões). A Natura vale R$ 26,7 bilhões.

A companhia brasileira espera que a associação dos negócios resulte em sinergias estimadas entre US$ 150 milhões (R$ 603 milhões) e US$ 250 milhões (R$ 1 bilhão) por ano.

Os recursos serão parcialmente reinvestidos na empresa para aumentar sua participação nos canais digitais e mídias sociais, em pesquisa e desenvolvimento, iniciativas de marca e expansão da presença geográfica do grupo.

O negócio confirma a intenção de expansão da Natura. Em 2018, a empresa já havia anunciado planos de expansão neste ano na América Latina.

Em nota à imprensa, o presidente-executivo do conselho da Natura, Roberto Marques, disse que a aquisição significa um passo para construir um grupo global e multimarcas.

“Juntos, aprimoraremos nossas crescentes capacidades digitais, nossa rede social de consultoras e representantes e alavancaremos nossa presença global de lojas e marcas diferenciadas, conectando e influenciando milhões de consumidores com diferentes perfis diariamente, tornando nosso grupo único”, afirmou o executivo.

Luiz Seabra, cofundador da Natura diz que sua companhia sempre olhou a Avon com respeito e admiração.

Também afirmou ver oportunidades para o crescimento do modelo de venda porta em porta, uma das marcas das duas empresas, em especial com o avanço das tecnologias digitais.

Com foco na internacionalização, a Natura já havia adquirido as marcas internacionais Aesop em 2013 e The Body Shop em 2017.

Segundo dados da consultoria Euromonitor, a Natura é a maior empresa em participação de seu segmento de mercado no Brasil, com 11,9% das vendas do setor de beleza e cuidados pessoais. A Avon ocupa a 7ª posição, com 4,7% das vendas.

Globalmente, Natura tem 1,4% do mercado e Avon, 1,2%, informa a consultoria.

Em termos de participação de mercado, o setor é liderado pela francesa L’Oréal (9,7% de participação de mercado), seguida pela Procter & Gamble (7,7%) e pela Unilever (7,5%), de acordo com a Euromonitor.

Como parte desta transação, foi criada uma nova holding brasileira, Natura Holding S.A.

As ações da Natura subiram 9,43% nesta quarta, com os papéis vendidos a R$ 61,50 na Bolsa de São Paulo. O valor é superior a máxima histórica de R$ 59,80, registrado em 4 de janeiro de 2013.

A Avon também teve alta, de 9,06%, atingindo valor de US$ 3,49 na Bolsa de Nova York.

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