A equipe econômica do governo convenceu o presidente Michel Temer a não injetar recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) na Caixa Econômica. A ala política defendia a medida para dar mais impulso ao setor habitacional, na busca de gerar mais empregos no País, mas a área econômica mostrou a Temer que a instituição financeira já tem condições de aumentar os financiamentos sem a ajuda do fundo.
Durante a reunião na quarta-feira (2), o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e o presidente do BC (Banco Central), Ilan Goldfajn, mostraram a Temer que a utilização do lucro da Caixa para aumentar o capital já elevará a capacidade de financiamento da instituição financeira. Por isso, argumentaram, não seria necessário fazer o empréstimo do fundo para banco, medida criticada por representantes de trabalhadores no conselho que administra o FGTS.
O presidente, porém, pediu à equipe a avaliação de outras medidas para estimular a indústria da construção civil voltada para o setor habitacional. Temer está preocupado com a redução ainda muito gradual no número de desempregados no país e deseja lançar ações positivas nos próximos meses para evitar um clima de imobilismo em sua administração nesta reta final de mandato.
Minha Casa Minha Vida
Para atender a um pleito dos prefeitos em ano eleitoral, o presidente Michel Temer determinou à Caixa Econômica Federal providências para anunciar mais 150 mil unidades do programa habitacional Minha Casa Minha Vida para a faixa 1,5 (destinada às famílias com renda de até 3 salários mínimos). Essa faixa conta este ano com 20 mil moradias. O problema é o custo pesado para o FGTS, que arca com 90% do subsídio (que pode chegar a R$ 45 mil) às residências. O restante vem da União.
Na segunda-feira, Temer havia convocado a equipe econômica para discutir medidas para estimular a economia, que terá sua projeção oficial revisada de uma alta de 3% para 2,7% este ano. Dado o dinamismo do setor da construção civil e efeitos na geração de emprego, Temer também decidiu ampliar o crédito para habitação. Depois do encontro, o presidente da Caixa, Nelson de Souza, foi chamado para esclarecer as condições de capital do banco para atender a novas demandas.
As operações do Minha Casa Minha Vida não impactam os limites prudenciais do banco porque os subsídios funcionam como mitigador de risco. Mas fontes ligadas à Caixa afirmam que o banco vai precisar de aporte de capital para poder elevar a oferta de crédito de modo geral no mercado. Segundo essas fontes, o problema do enquadramento da instituição às novas regras de Basileia foi contornado com a apropriação do lucro obtido em 2017, mas isso ainda só permite liberação controlada de novas operações. A Caixa pressiona o Tesouro Nacional por novos aportes e também para receber um empréstimo de até R$ 15 bilhões do FGTS. A equipe econômica, no entanto, é contra.