Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de agosto de 2019
A equipe econômica finalizou a redação da medida provisória que vai transferir o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, para o BC (Banco Central). O texto deve ser publicado nesta segunda-feira (19). Ato contínuo, Roberto Leonel, o homem indicado por Sérgio Moro, ministro da Justiça para comandar o órgão, deixará a função. O novo Coaf será composto apenas de quadros do BC. Ricardo Liáo, hoje diretor de supervisão do colegiado, passará a presidi-lo.
Leonel é um quadro da Receita Federal e será reintegrado ao órgão. Ele caiu em desgraça após criticar decisão do Supremo que suspendeu investigações que usassem dados do fisco e do Coaf sem autorização da Justiça. O veredito nasceu de caso que tem o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) como protagonista.
Integrantes do Ministério da Economia afirmam que Leonel tem, inclusive, tempo de trabalho para pedir aposentadoria — e não descartam que ele o fará. Há forte desconfiança entre integrantes do Supremo sobre a atuação dele quando colaborador da força-tarefa da Operação Lava-Jato de Curitiba (PR).
Liáo é do Banco Central. Por já estar na cúpula do Coaf, sua ascensão foi planejada na Economia para dar sinal de que não haverá quebra nos trabalhos. A MP (medida provisória) que transfere o órgão irá ao Congresso acompanhada do projeto de lei que prevê autonomia do BC e robustece funções do conselho.
Para aliados de Paulo Guedes, isso mostrará que a mudança não só despolitiza o Coaf como deixa um legado institucional para o País.
Com a definição do caminho do Coaf, a equipe econômica tenta agora fechar as mudanças na Receita. O secretário especial do órgão, Marcos Cintra, que deve mudar de função, teria sinalizado que pretende trocar todos os auditores da cúpula do fisco, e não apenas o secretário-geral, João Paulo Fachada.
Aliados de Cintra ficaram com a impressão de que ele pretende convidar o atual superintendente do Rio, o auditor Mário Dehon, para um cargo em Brasília.
O Planalto teria pedido a cabeça de Dehon após ele resistir a nomear um indicado de Bolsonaro para a delegacia da Receita no Porto de Itaguaí, região metropolitana do Rio.