A escassez ou o encarecimento de insumos afeta 22 de 25 setores da indústria brasileira, de acordo com um levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O problema, que começou com a pandemia de Covid-19, em 2020, está se prolongando por causa da guerra na Ucrânia e de lockdowns em regiões industriais da China.
Segundo a CNI, há oito trimestres seguidos, as indústrias citam a dificuldade de acesso a matérias-primas como o principal problema. No segundo trimestre deste ano, o setor mais afetado foi o de impressão e reprodução, com 71,7% das empresas relatando o problema. Em seguida, vêm os setores de limpeza, perfumaria e higiene pessoal (70%) e indústrias de veículos automotores (69,8%).
Apenas três segmentos da indústria não mencionaram a falta ou os preços altos das matérias-primas como o principal problema. Entre as indústrias de couros e artefatos de couro, o problema apareceu em terceiro lugar, citado por 37,2% das empresas entrevistadas. Nos segmentos de móveis (38,7%) e de manutenção e reparação (45,5%), o problema ficou em segundo lugar na lista.
A pesquisa revelou ainda que os empresários acreditam que a situação se normalizará apenas em 2023. “Diante disso, as principais consequências são dificuldades em recuperar – ou manter – a produção, o aumento dos preços de insumos e dos custos nas cadeias de produção, além dos reajustes nos preços dos bens de consumo e a maior pressão sobre a inflação”, explicou a economista da CNI Paula Verlangeiro.
Juros altos
Além dos gargalos no acesso a matérias-primas, a pesquisa da CNI revelou que a alta dos juros preocupa a indústria brasileira. Segundo o levantamento, 16 dos 25 dos setores analisados consideram as recentes elevações da taxa Selic como um dos cinco principais problemas econômicos.
Na avaliação da CNI, a alta é excessiva e prejudica a produção, o consumo e o emprego, ao encarecer o crédito.