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À espera de regulamentação, sites de apostas esportivas ganham cada vez mais espaço no futebol nacional

A presença cada vez mais intensa de CasaDeApostas no futebol brasileiro tem sido motivo de estudo por parte dos mais diversos setores da sociedade. À espera de regulamentação, as plataformas que atuam por aqui já estão atuando em todas as áreas do esporte, incluindo o patrocínio de clubes, parcerias com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e ações comerciais na TV Globo, que hoje detém boa parte dos direitos de transmissão do futebol nacional.

Estima-se que cerca de 450 plataformas atuem no Brasil indiretamente, já que boa parte delas não possui uma sede ou um representante no país. Quase todas estão no exterior, em países como Malta e EUA, onde a regulamentação relacionada ao mercado de apostas esportivas é mais avançada. Por aqui, a lei aprovada por Michel Temer em 2018 precisa ser revista até o fim do ano pelo presidente Jair Bolsonaro. Se isso não acontecer, uma legislação precisará ser discutida.

De toda forma, a presença das empresas e a relação com o público brasileiro tem crescido cada vez mais. Gigantes do futebol nacional, como Flamengo, São Paulo, Internacional e Corinthians ostentam em seus uniformes as logomarcas de sites de apostas esportivas. Um levantamento recente mostrou que 33 dos 40 clubes que disputam as Séries A e B do Brasileirão são patrocinados por uma empresa do setor.

Outra novidade é que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) fechou neste ano um acordo com o site galea.bet para que a empresa seja uma das patrocinadoras do Campeonato Brasileiro até 2024. O acordo dá direito a ações offline, digital, branding, relacionamento, ativações exclusivas de experiências.

“A galera.bet é uma marca criada exclusivamente para o mercado brasileiro. Não à toa, levamos as cores do Brasil. Por isso, estamos muito felizes de, agora, fazermos parte do Campeonato Brasileiro. O Brasileirão Assaí fala muito sobre o brasileiro, sua paixão, seus rituais e, também, sobre a nossa empresa”, disse Asher Yonaci, CEO da galera.bet, em entrevista recente ao site da CBF.

Em maio deste ano, o jornal Folha de S.Paulo fez uma longa reportagem sobre o tema, mostrando alguns valores que movimentam o mercado de apostas esportivas no Brasil. De acordo com a matéria, que ouviu empresários do setor, a regulação pode ajudar movimentar algo entre R$ 20 bilhões e R$ 100 bilhões.

Com qualquer desses valores, será uma parte pequena de atividade econômica que deve atingir US$ 140 bilhões anuais em 2028 (R$ 721 bilhões pela cotação atual), segundo pesquisa da Grand View Research.

“Quanto mais a regulamentação demorar para sair, menos dinheiro o Brasil arrecadará em impostos. A ausência de regulamentação deixa o mercado brasileiro inseguro juridicamente, tanto do ponto de vista do operador [a casa de apostas] quanto do consumidor [apostador]. A regulamentação vai trazer, por exemplo, maior segurança para o apostador receber prêmios, já que poderá pleitear seus prêmios na Justiça brasileira”, afirmou à reportagem do jornal paulista Udo Seckelmann, advogado especialista em esportes e apostas no escritório Bichara e Motta.

Diante da presença das empresas e do alto poder aquisitivo que elas movimentam, o governo federal deseja entrar em campo para averiguar contratos e vínculos. Na semana passada, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) notificou clubes, empresas de comunicação e entidade para ter acesso aos contratos de publicidade e patrocínio mantidos com empresas que exploram serviços de apostas esportivas

A iniciativa da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon/MJSP) pretende apurar quais empresas formalizaram os contratos com os clubes, sendo que a maioria possui sede fora do Brasil.

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