Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de março de 2020
Diversos países europeus anunciaram nesta segunda (10) medidas mais drásticas para contar a epidemia de covid-19 (doença causada pelo coronavírus Sars-Covid-2). Mais de 15 mil pessoas já receberam diagnóstico da doença no continente, e 543 morreram até esta segunda (9). Alemanha, França, Áustria e Romênia decidiram proibir reuniões de mais de mil pessoas, com exceções para estações de transporte público e manifestações.
A França teve mais quatro mortes nesta segunda, chegando a um total de 25, e 286 novos casos de infecção desde o último boletim. Com cerca de mil doentes, a Alemanha registrou hoje as primeiras mortes por covid-19, e a Polônia anunciou controle sanitário em quatro postos na fronteira alemã e em um na República Tcheca.
Na Espanha, foram fechadas todas as instituições escolares, das creches às universidades, em Madri e em Vitória (no País Basco).
Já o governo britânico decidiu em reunião nesta segunda (9) não avançar para a segunda fase de resposta ao coronavírus, que exigiria medidas mais drásticas de redução de mobilidade. O objetivo é evitar o pânico, que considera mais prejudicial tanto para o sistema de saúde quanto para os negócios.
Os britânicos estão montando uma força-tarefa para identificar fake news ou desinformação e responder com orientações corretas.
No domingo, redes de supermercados passaram a racionar a venda de produtos como água, leite longa vida, macarrão e enlatados, porque uma corrida para fazer estoques começou a esvaziar prateleiras. Pesquisa feita nesta segunda pelo instituto YouGov mostrou que 83% dos britânicos apoiam o racionamento, e 8% reprovam.
Nesta segunda-feira, a Itália começou a montar pontos de controle nas rodovias, estações de trem e aeroportos de 15 províncias do norte do país, que estão sob quarentena desde domingo. Idas e vindas devem ser reduzidas apenas a casos extremos, como emergências médicas ou compromissos profissionais inadiáveis.
Cerca de 16 milhões de pessoas vivem nas regiões que o governo pretende manter isolada até ao menos 3 de abril. Viagens aéreas e de trem para as principais cidades, como Milão e Veneza, continuavam normalmente no domingo, o que elevou a preocupação no sul do país e em outros países.
A imprensa europeia relatou corridas às estações e aeroportos para deixar a zona de quarentena antes que os controles fossem impostos, o que pode ter espalhado ainda mais o coronavírus.
Com 9.172 doentes e 463 mortos, segundo balanço oficial divulgado ao anoitecer desta segunda, a Itália é o segundo país com mais mortes causadas pela covid-19, atrás apenas da China (80.735 doentes e 3.119 mortos). A Coreia do Sul tem 7.382 casos de covid-19, mas apenas 50 mortes.
Além da restrição de mobilidade no norte da Itália, museus, casas de espetáculo e outros pontos de aglomeração foram fechados em todo o país, e casamentos, missas e funerais, suspensos. O decreto também estabelece que as pessoas fiquem a pelo menos um metro de distância das outras em mercados, restaurantes ou igrejas.
Em Londres, aterrissaram 17 voos vindos de Milão, e os passageiros desembarcaram sem nenhum tipo de controle sanitário, segundo o jornal britânico The Telegraph. Companhias aéreas anunciaram que reduziriam voos a partir de hoje.
A Hungria interrompeu todos os voos para o norte da Itália e a concessão de vistos para iranianos. Também cancelou as cerimônias de seu dia nacional, 15 de março, e suspendeu visitas a hospitais.
A Suíça anunciou o fechamento de sua fronteira com a Itália, a não ser para quem comprove que trabalha no país vizinho —cerca de 80 mil italianos atravessam diariamente a fronteira com a Suíça para trabalhar, segundo o governo suíço.
Enquanto os maiores países da Europa lançam medidas de controle, alguns dos menores, como Bélgica, Holanda, Lituânia e Estônia, se queixam de falta de solidariedade.
Na última sexta, ministros da Saúde desses países reclamaram em reunião em Bruxelas que Alemanha e França estão bloqueando a exportação de produtos como máscaras de proteção e deixando de honrar contratos.
Reuniões internacionais na sede da União Europeia, porém, devem ficar cada vez mais raras. Nesta segunda, o Conselho Europeu (que reúne os chefes de governo dos 27 países membros) anunciou que reduzirá os encontros ao mínimo necessário e cortará o tamanho das equipes de assessores que acompanham primeiros-ministros e presidentes. Foram suspensas todas as visitas de grupos e programas de treinamento na instituição. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.