Sexta-feira, 18 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 20 de julho de 2018
A ex-presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, foi condenada a mais oito anos de prisão por abuso de fundos estatais e violação das leis eleitorais. A nova sentença eleva a 32 anos a pena de Park, afastada do cargo em 2016 após um processo de impeachment movido por denúncias de corrupção.
Park foi considerada culpada pela Corte do Distrito Central de Seul por ter recebido cerca de 3 bilhões de won sul-coreanos (cerca de US$ 2,6 milhões) de chefes do Serviço Nacional de Inteligência durante seu mandato entre 2013 e 2016. Por esse crime, foi sentenciada a seis anos de prisão.
A Justiça também condenou a ex-presidente a dois anos de prisão por ter violado leis eleitorais após interferir no processo de nomeação dos candidatos do próprio partido nas eleições parlamentares de 2016.
Park governou a Coreia do Sul por três anos. Em 2016, um escândalo de corrupção provocou uma onda de protestos contra o seu governo. A ex-presidente foi acusada de utilizar capital político para forçar grandes conglomerados de empresas a pagar dezenas de milhões de wons a duas fundações controladas por sua confidente e amiga íntima Choi Soon-il.
Entenda
O parlamento moveu um processo de impeachment, concluído em dezembro daquele ano, que a retirou do cargo e convocou novas eleições. Em março de 2017, ela foi presa e, semanas depois, condenada a 24 anos de reclusão pelos crimes de corrupção.
A queda em desgraça da ex-presidente começou em meados de 2016, quando foi revelado que sua melhor amiga, Choi Soon-sil, que nunca ocupou nenhum cargo oficial, aproveitou sua influência para obter milhões de dólares de grandes empresas sul-coreanas.
O escândalo levou a Assembleia Nacional a destituir a presidente em dezembro daquele ano, o que acabou com a imunidade de Park e abriu caminho para uma investigação.
Depois que o Tribunal Constitucional confirmou o impeachment, a Procuradoria interrogou a ex-presidente e solicitou sua prisão, porque considerava Park uma cúmplice de Choi. A ex-presidente nega todas as acusações e afirma que Choi traiu sua confiança.
Park é o terceiro ex-chefe de Estado da Coreia do Sul detido por um caso de corrupção. Chun Doo-Hwan e Roh Tae-Woo cumpriram penas de prisão nos anos 1990 por motivos similares. O ex-presidente Roh Moo-Hyun, eleito democraticamente, cometeu suicídio em 2009, quando ele e a família eram investigados por corrupção.
Rasputina
Choi, de 60 anos, é chamada de “Rasputina” pelos meios de comunicação locais, em referência a Rasputin, o místico que exerceu uma grande influência sobre o Czar Nicolau II da Rússia no início do século 20. Ela foi detida por tráfico de influência e corrupção devido a suspeitas de que aproveitou seus contatos na “Casa Azul”, sede da presidência, para extorquir os principais conglomerados econômicos do país, que teriam destinado importantes somas de dinheiro a fundações criadas pela amiga da presidente.
Segundo a imprensa, Choi tinha uma influência ampla sobre a presidente, que ia desde escolher suas roupas até escrever e corrigir discursos, assim como aconselhá-la nas nomeações de integrantes de alto escalão. Além disso, ela teria tido acesso a documentos confidenciais, apontam investigações.