Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de julho de 2018
A Embraer registrou um prejuízo líquido de R$ 467 milhões no segundo trimestre deste ano, ante um lucro de R$ 200,9 milhões no mesmo período do ano passado, informou a fabricante brasileira de aeronaves nesta terça-feira (31). No semestre, a companhia acumula prejuízo de R$ 507 milhões.
Já o lucro líquido ajustado, excluindo impostos diferidos, contribuições sociais e itens especiais, foi de R$ 2,3 milhões, ante R$ 409,4 milhões no segundo trimestre do ano passado. O resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado recuou para R$ 599,1 milhões, ante R$ 803,4 milhões no mesmo período de 2017. A margem Ebitda ajustada caiu para 13,2%, ante 14,1% um ano antes.
Sem ajuste, o Ebitda caiu para R$ 140,4 milhões, ante R$ 834,3 milhões na mesma comparação. A receita líquida alcançou R$ 4,533 bilhões no segundo trimestre, 20% abaixo dos R$ 5,7 bilhões do segundo trimestre do ano passado, diante de um menor número de entrega de aeronaves.
No segundo trimestre, a companhia entregou 28 jatos comerciais e 20 executivos e a carteira de pedidos firmes fechou em US$ 17,4 bilhões. No mesmo período do ano passado, foram entregues 59 aeronaves. “A companhia reafirma todas as suas estimativas financeiras e de entregas para 2018, que não incluem o impacto não recorrente da revisão de base de custos do KC-390, ocorrida no segundo trimestre”, afirmou a Embraer em nota.
Pedido negado
A Justiça negou o pedido liminar feito pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) contra a União. A ação cobra garantias do governo para que a venda de parte da Embraer à Boeing seja atrelada à manutenção da produção das aeronaves e empregos no Brasil. As duas fabricantes assinaram neste mês um acordo de intenções para formar uma joint venture (nova empresa).
A decisão, do juiz do trabalho Bernardo Moré Frigeri, é desta terça-feira (24). O mérito da ação civil, impetrada no último dia 17, ainda será julgado. O MPT vai recorrer. A União é alvo do MPT porque tem uma ação de tipo especial, chamada “golden share”, que confere ao governo o poder para barrar a transação. A liminar foi negada porque, segundo o magistrado, a decisão de usar o poder de veto para assegurar os empregos é política – não sendo, portanto, condição prevista na lei.
Inquérito
Antes da Justiça acolher o processo, o MPT tinha instaurado um inquérito civil e emitiu recomendações às companhias e ao governo quanto às salvaguardas trabalhistas. Nas respostas apresentadas, as empresas não manifestaram essa garantia, o que motivou a ação.
Nela, a Procuradoria lista os motivos que indicariam elevado risco da Boeing transferir a produção para fora do Brasil. Um dos fatores apontados é que a criação da nova empresa, que vai englobar a aviação comercial, será administrada pela Boeing – detentora de 80% da joint venture – e submetida portanto ao controle do presidente mundial da empresa norte-americana.
Essa preocupação com os empregos vem sendo manifestada pelo Sindicato dos Metalúrgicos desde o anúncio das negociações entre as companhias, em dezembro de 2017. O sindicato sinaliza que há risco de perdas aos trabalhadores brasileiros.