O ex-presidente José Sarney tem praxe de não pedir a aliados o que há risco de ser negado. Mas indicou para Lula da Silva, na reunião entre eles, que gostaria de ver a filha Roseana Sarney (MDB) presidente da Câmara dos Deputados. Ex-senadora e ex-governadora, Roseana volta a Brasília com 97 mil votos – longe de ser unanimidade no Maranhão, reduto do clã. Lula não garantiu nem recusou. E só cresce a fila da sucessão de Arthur Lira (PP-AL), com a reeleição praticamente acertada. O presidente eleito quer garantia de que, após dois anos de mandato, não terá sustos de opositores nem faca no pescoço de aliados que lhe possam dar dor de cabeça. O PT ensaia a volta de Arlindo Chinaglia (SP) ao comando, mas a ala mineira do partido trabalha para emplacar Reginaldo Lopes – O Estado representa o 2º maior colégio eleitoral do País e petistas cravam que fizeram a diferença pró-Lula na disputa nacional. O PSB do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin não quer ser ofuscado na vitrine e exige espaço.
Saldo incerto
O Governo do Brasil vai quitar ano que vem a dívida com o Governo do Paraguai da construção da Usina de Itaipu, mas representantes dos países não concluíram o Tratado final – isso inclui valores devidos aos sócios na produção. Há uma crítica velada no grupo de transição de Governo de que militares que comandaram a empresa, desde 2018, em nada avançaram.
Sonho de Pacheco
Com bom trânsito suprapartidário, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não consegue emplacar seu nome para vaga no STF. Sua estratégia de ficar em cima do muro na disputa para presidente da República não lhe garantiu ser um nome na lista do eleito. Tem apoio do presidente do PSD, Gilberto Kassab, mas só vê a fila crescer. Cristiano Zanin é dado como certo na vaga de Ricardo Lewandowski em maio. E Lula da Silva cita a amigos que almeja nomear uma mulher para a vaga vindoura de Rosa Weber.
Primeira lábia
Mal terminou a campanha e caiu a primeira promessa de Lula da Silva. O PT apoia a manuteção do orçamento secreto – um conluio com o presidente Arthur Lira, que será reeleito. Daqui a pouco, brincam opositores, o futuro presidente Lula vai segurar os sigilos de 100 anos dos decretos de Bolsonaro pelo eventual apoio do PL…
Disputa acirrada
Cinco partidos travam disputa acirrada pelo comando do Ministério do Desenvolvimento Regional. A estrutura, que será dividida em duas com a recriação da pasta das Cidades, tem o maior volume proporcional de recursos direcionados por parlamentares. Pote de ouro para prefeitos. Estão no páreo nomes do PT, PSB, MDB, PSD e Solidariedade.
Radiografia das redes
Cerca de 7,28 milhões de famílias permanecem sem acesso à internet nas residências. O Comitê Gestor da Internet no Brasil mapeou 63 redes comunitárias em 2022 – que cedem acesso e são bancadas, na maioria, por ONGs – e entrevistou gestores de 40 redes: 28 dos entrevistados (70%) gerenciam redes em municípios que apresentam maior vulnerabilidade de sinais, e 25% das redes estão em localidades consideradas as mais pobres do Brasil. Dentre as redes mapeadas, 40% estão em quilombos, 32,5% em aldeias indígenas, e 22,5% em áreas ribeirinhas.
Colaboraram Walmor Parente, Carolina Freitas, Sara Moreira e Izânio Façanha (charge)