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Mundo Conheça história da herdeira bilionária que financiou movimento contra imigração nos EUA

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Cordelia Mellon Scaife, à direita, com a mãe, Sarah Mellon Scaife, e o irmão, Richard. (Foto: Carnegie Library of Pittsburgh/NYT)

Ela era uma herdeira sem causa – uma estudante indiferente, uma jovem noiva infeliz, uma socialite desajustada. Sua paixão mais forte era pelos pássaros. Mas Cordelia Scaife May encontrou um propósito na vida: acabar com o que ela via como uma ameaça letal de superpopulação, fechando as portas dos Estados Unidos para imigrantes. As informações são do jornal The New York Times.

Ela acreditava que os Estados Unidos estavam “sendo invadidos por todos os lados” por estrangeiros, que “se reproduziam como hamsters” e esgotavam os recursos naturais do país. Ela achava que a fronteira com o México deveria ser fechada e que os abortos em massa conteriam a população em países em desenvolvimento.

Uma herdeira dos banqueiros e industriais Mellon, um dos maiores grupos financeiros do mundo, com meio bilhão de dólares à sua disposição, May ajudou a criar o que se tornaria o movimento anti-imigração moderno. Ela financiou a criação e a operação dos três maiores grupos contra imigrantes do país – a Federação para a Reforma da Imigração Americana, a NumbersUSA e o Centro de Estudos sobre Imigração – bem como dezenas de outros grupos menores, incluindo alguns que promoveram visões racistas brancas.

Hoje, 14 anos após a morte de May, o seu dinheiro continua sendo a força vital do movimento, através de sua Fundação Colcom. A organização investiu US$ 180 milhões em uma rede de grupos que passaram décadas em busca de políticas agora adotadas pelo presidente Donald Trump: militarizar a fronteira, impor limites à imigração legal, priorizar habilidades em relação a laços familiares para permitir a imigração e reduzir o acesso a benefícios públicos para imigrantes, como na nova regra publicada nesta semana pelo governo.

Afinidade com Trump

Ela teria se encaixado muito bem na atual Casa Branca”, disse George Zeidenstein, cujo principal grupo de defesa do controle populacional foi apoiado por May antes que ela mudasse para o ativismo contra a imigração. “Ela teria encontrado um ouvido compreensivo no atual presidente.”

Embora seu papel improvável como a discreta mecenas de organizações anti-imigração tenha sido contado anteriormente, a motivação e o envolvimento de May na questão da imigração permaneceram em grande parte ocultos.

O The New York Times, por meio de dezenas de entrevistas e de buscas de registros de tribunais, de documentos do governo e de arquivos em todo o país, levantou a mais completa documentação de seu pensamento. Os escritos inéditos de May revelam sua evolução, de uma republicana simpática a Theodore Roosevelt a uma nativista fervorosa.

Ao longo dos anos, cartas para filantropos e outros bilionários sobre almoços e viagens ao exterior deram lugar a conversas mais sinistras com figuras marginais que acreditavam que os negros eram menos inteligentes do que brancos, que imigrantes latinos eram criminosos e que americanos brancos eram perseguidos.

Grupos que ela financiou barraram tentativas de anistia e projetos de reforma da imigração no Congresso ao longo dos anos. Eles lutaram pela Proposição 187 na Califórnia para negar educação, assistência médica e outros serviços públicos para imigrantes sem documentos nos EUA. Também atuaram contra as mensalidades para os filhos de trabalhadores sem documentos em Utah. Apoiaram as leis que exigem a apresentação de documentos no Arizona e leis rigorosas na Pensilvânia e no Texas.

Nós ocupamos o espaço antes de qualquer pessoa, e as pessoas que ajudaram a fundar e financiar a organização, incluindo a senhora May, eram pessoas de enorme capacidade de previsão e sabedoria”, disse Dan Stein, presidente da Federação Americana de Reforma de Imigração, que a conhecia. “Eles ficariam satisfeitos de saber que hoje vemos essas ideias sendo defendidas no mais alto nível.”

Como a organização de Stein, conhecida como FAIR, escreveu em sua declaração de impostos federais no ano passado, a eleição de Trump apresentou “uma oportunidade única” de implementar sua agenda e “construir o muro, acabar com a imigração em cadeia, reverter políticas perigosas de santuário, eliminar a loteria de vistos”.

Em nenhum lugar do documento o nome da sua maior doadora foi mencionado. “Sem Cordy May, não há FAIR”, disse Roger Conner, o primeiro diretor executivo da organização. “Não haveria dinheiro sem ela.”

Embora seu dinheiro e ativismo tenham preparado o cenário político para as políticas nativistas de Trump – que argumenta que “o país está cheio”, afirma que os mexicanos são “sujos” e “perigosos” e diz que imigrantes estão roubando empregos –, a herdeira não veria o herdeiro do ramo imobiliário chegar à Presidência. May, que teve câncer de pâncreas, morreu em sua casa em 2005, aos 76 anos. Sua morte foi considerada um suicídio por asfixia.

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