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A história de superação de Rafaela Silva

Medalha de ouro na Olimpíada, Rafaela era considerada brigona na infância. (Foto: Getty IUmages/Buda Mendes/Agência Brasil)

Criada na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, a oito quilômetros do atual Parque Olímpico da Barra, a judoca medalha de ouro da categoria leve (até 57kg) Rafaela Silva era conhecida na favela como uma menina brigona.

Aos 5 anos, sua mãe, Zenilda Lopes da Silva, de 45, decidiu colocar a menina para lutar judô. Ela foi descoberta pelo treinador Geraldo Bernardes, ex-técnico da seleção brasileira.

Quando começou no esporte, a família já havia parado de pular de casa em casa. Juntou recursos para comprar um barraco na comunidade. Mas teve de dormir sobre jornal para ajeitar o local.

“A casa não era uma casa. Vazava água da laje toda. A laje toda quase caindo. A gente não podia sair da casa porque ainda estava pagando. Ou a gente consertava a casa, ou a gente morava nela. Como compramos ela com dificuldade, dormíamos no jornal [até consertar os problemas]. Era como se morássemos na rua. A gente se cobria com o que tivesse”, disse a mãe da judoca.

No início, as competições do judô eram uma diversão para Rafaela. As lutas de quatro minutos eram intervalos para as brincadeiras com os colegas do esporte.

Ela passou a se interessar pela profissionalização após ver a irmã, Raquel Silva, 27, também judoca, subir na carreira.

“No começo não levava a sério. Mas quando a irmã começou a se destacar e viajar, ela ficava chorando dizendo que queria viajar. Agora ela viaja mais do que a irmã”, disse a mãe.

Aos poucos, a brincadeira passou a ser profissão. Em 2008, ela foi campeã mundial junior em Bangkok (Tailândia). As vitórias a transformaram numa chefe de família: passou a bancar a reforma da casa dos pais e ajudar a irmã.

A família saiu da Cidade de Deus – onde ainda moram os tios – e mora agora no Anil, bairro de classe média baixa da zona oeste do Rio. No último ano, comprou uma kombi para o pai fazer frete e transporte de passageiros. Deu um carro para mãe e para a irmã. Mora no Méier (zona norte), onde busca se concentrar na profissão.

O próximo projeto, a ser financiado com o prêmio da medalha de Rafaela, é terminar o acabamento do terraço da casa, que ainda tem ferragens expostas.

“Ela é como se fosse um pai para mim. Ela me dá coisas que meu marido não tem condições de dar”, disse a mãe. (Folhapress)

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