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Por Redação O Sul | 20 de dezembro de 2020
O governo da Holanda suspendeu todos os voos de passageiros procedentes do Reino Unido até 1º de janeiro. Os holandeses descobriram, em seu território, um caso de contaminação pela variante do coronavírus que circula no Reino Unido.
O Ministério da Saúde holandês disse que “recomenda limitar a introdução da cepa do coronavírus identificada no Reino Unido tanto quanto possível, limitando e controlando o movimento de passageiros” daquele país. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que a nova mutação de coronavírus localizado no Reino Unido pode ser até 70% mais transmissível, segundo análise preliminar.
Não há evidências de que a variante provoque casos mais graves ou com maior índice de mortes, nem mesmo que seja resistente às vacinas. Entretanto, se confirmada por estudos científicos, a mutação não será a primeira a trazer vantagens para a transmissão do Sars-Cov-2.
“Dadas as primeiras evidências que temos sobre esta nova variante do vírus, e o risco potencial que ela representa, é com o coração muito apertado que devo dizer que não podemos continuar com o Natal como planejado”, disse Boris Johnson. Agora no nível 4 de restrições, os britânicos não poderão se reunir em locais fechados com pessoas que moram em casas diferentes. Para áreas abertas, reuniões só estarão liberadas por um dia.
Mutação
A nova cepa do coronavírus que se propaga no sul da Inglaterra e infectou quase 1.100 pessoas nos últimos dias está sendo meticulosamente estudada por especialistas britânicos. Neste fim de ano em que a maioria dos países europeus adotou sérias restrições de circulação para evitar um aumento do contágio durante as festas de Natal e Ano-Novo, descobrir que uma variante do Sars-CoV-2 é ainda mais contagiosa do que outras só aumenta a ansiedade no continente.
A nova cepa do coronavírus que assola o Reino Unido, e faz países europeus suspenderem voos e trens provenientes do país vizinho, apresenta várias alterações genéticas. Uma delas interessa particularmente os cientistas: é a mutação N501Y, que ocorre na sequência genética que codifica uma parte altamente sensível do vírus, a proteína Spike.
Localizada na superfície do vírus, essa proteína é uma espécie de chave que se agarra à superfície das células humanas, rompendo depois esta barreira para se multiplicar. “Mudanças nesta proteína podem fazer com que o vírus se torne mais infeccioso e se espalhe mais facilmente entre as pessoas”, explicou a Agência de Saúde Pública Britânica.
Essa mutação não é totalmente nova. O pesquisador Julien Tang, da Universidade de Leicester, lembra que ela já circulou no Brasil em abril, sendo observada posteriormente na Austrália, em junho, e nos Estados Unidos, em julho.