Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Giovani Gafforelli | 27 de fevereiro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O aquecimento global acelerou as consequências do efeito estufa e, com isso, prefeituras e gestores públicos precisam estar preparados para comunicar ações e serviços de utilidade pública de forma eficiente. Enquanto repórter e apresentador de um grande veículo de comunicação do Rio Grande do Sul, tive a oportunidade de cobrir o evento climático que devastou cidades do Vale do Taquari, na Região Central do Estado, em setembro de 2023.
Na ocasião, encontramos (imprensa) muitas dificuldades para obter informações sobre o que estava acontecendo nos municípios atingidos, em função dos problemas de telefonia, conexão de internet, entre outros. A solução encontrada na ocasião foi o diálogo com colegas da imprensa local destas cidades para termos noção do que estava acontecendo nas localidades.
Na repercussão desta cobertura, entrevistei uma meteorologista para entender se o atual sistema de Avisos e Alertas, adotado pelo Governo do Estado, era eficiente. Para quem está lendo compreender do que se trata, o sistema consiste no envio de mensagens de SMS para quem está cadastrado (na ocasião menos de 6% da população gaúcha recebia as mensagens).
Em países de primeiro mundo como os Estados Unidos, na iminência de uma intempérie, avisos surgem nas telas de computadores, televisores e celulares e nas rádios, para alertar que a vida das pessoas está em risco. A especialista me explicou que os alertas emitidos pela entidade são feitos de forma clara, objetiva e usando palavras fortes para demonstrar o tamanho do risco que as populações estão correndo.
Como secretário adjunto de Comunicação, na prefeitura de Canoas, precisei gerenciar uma crise causada por um temporal que assolou a cidade e destruiu casas, alagou ruas e derrubou árvores e placas, causando diversos problemas para à população, como a falta de energia elétrica e interrupção do abastecimento de água. Mais importante que emitir um ‘Alerta de Temporal’, é preciso saber a diferença entre alertas e avisos. Os avisos podem ser usados para situações menos severas, que podem causar algum tipo de transtorno. O alerta deve ser utilizado apenas em casos que ofereçam risco de vida e precisa ser emitido a tempo das pessoas se abrigarem em locais seguros.
Em janeiro de 2024, as previsões se confirmaram e o alerta de temporal foi disparado com considerável antecedência, tanto que, às 18h, poucas pessoas ainda circulavam pelas ruas de Canoas. A chuva prevista para iniciar pelas 20h, foi antecedida pela falta de energia elétrica e dificuldades de comunicação entre as equipes da Prefeitura. Com os obstáculos encontrados e os aprendizados de eventos climáticos anteriores (também estive à frente do gerenciamento da microexplosão, em 2022), decidimos que o melhor ambiente para estabelecer uma comunicação com a população e os veículos de imprensa, além de passar informações de utilidade pública, eram as redes sociais. Mesmo com muitos problemas de conexão de internet, optamos pela utilização do Instagram e do Twitter, onde poderíamos passar informações de forma rápida e instantânea.
Em relatórios de monitoramento de redes sociais, a Agência Moove (empresa licitada para prestar serviços de comunicação para prefeitura de Canoas) nos apontou como referência na forma de comunicar, no alcance das publicações e também nas interações, deixando-nos à frente de prefeituras como a da Capital, por exemplo. Isto comprova a eficiência da estratégia adotada. No Facebook foram 26 postagens, atingindo 85,4 mil contas e sete mil interações (curtidas, comentários e reações). No Instagram foram 143 stories e 26 posts, além de 10 reels que atingiram a expressiva marca de 450,9 mil views, com sete mil interações e mais de 250 mil contas alcançadas. No Twitter (ou rede social X, como preferirem), foram 99 tuítes, mais de 121 mil contas alcançadas e 911 interações.
É sempre bom lembrar que mesmo existindo entidades que realizam as previsões do tempo, elas nem sempre estão corretas. É difícil medir o estrago de uma chuva ou temporal até que aconteça. Porém, é fundamental ter em mente as diferenças entre alertas e avisos. O timing para colocar em prática estratégias e avaliar que vidas estão em jogo é desafiador. Com os eventos climáticos extremos acontecendo com cada vez mais frequência, é de extrema importância estarmos preparados para estabelecer uma comunicação rápida e eficiente com a imprensa e principalmente, com a população.
(Giovani Gafforelli é Secretário Adjunto de Comunicação da Prefeitura de Canoas)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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