Quarta-feira, 12 de março de 2025
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2018
Após a eleição de Andrés Manuel López Obrador para a Presidência do México, confirmada no domingo, alguns dos principais jornais dos Estados Unidos traçaram uma série de paralelos entre o político esquerdista e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontando semelhanças e diferenças.
Em seu editorial, o sempre conservador “The Wall Street Journal” escreveu: “Os otimistas dizem que ele está seguindo o manual do brasileiro Lula, que moderou as suas ideias, porém Obrador continua sendo um homem de esquerda, cujos instintos são por controle da economia”.
O “Financial Times” adotou a mesma linha, em uma coluna intitulada “AMLO [Andrés Manuel López Obrador] é Lula?”, mas fez a ressalva de que “a diferença mais importante é que Lula foi líder sindical, trabalhava com as empresas e sabia o que significa ter um acordo com uma folha de pagamento todo mês, diferente de AMLO, que é um ativista social mas com pouca experiência sobre empresas e como funcionam”.
Enquanto isso, o presidente norte-americano Donald Trump já foi à emissora Fox News com ataques aos imigrantes do país vizinho e ameaças de tarifação-extra sobre a importação de carros, caso não ceda na renegociação do acordo comercial Nafta. O fato também foi parar na manchete do “The Wall Street Journal”.
México
Enquanto isso, a manchete da versão digital do “Excelsior”, maior jornal do México, o destaque ficou por conta do alívio do candidato com a falta de incidentes graves na votação: “Tudo está na santa paz, destaca Obrador”.
Já na Guatemala, que faz fronteira com o Sul do México, o jornal “El Siglo” fez essa mesma comparação, mas avaliou que Andrés Manuel López Obrador “está mais perto de Lula e menos de Hugo Chávez”, em referência ao presidente venezuelano falecido em 2013.
China
Enquanto alguns cogitam – em maior ou menor grau – uma versão de Lula no México, outros foram além, analisando qual será o papel o líder petista, preso há quase três meses, no ambiente político-eleitoral brasileiro.
Na China, a agência estatal Xinhua, ouvindo Wang Peng, da Academia de Ciências Sociais, afirmou que, se o petista não puder se candidato, “o seu apoio será crucial” em um cenário com postulantes de desempenho fraco – e, em especial, com Jair Bolsonaro mostrando pouca força em um eventual segundo turno.
Já empresa de consultoria norte-americana americana Eurasia avaliou que “Lula vai moldar a eleição”, sobretudo pela “deterioração das perspectivas econômicas”.
Na sequência, o alemão Mark Mobius, uma das referências na gestão de aplicações financeiras nas economias emergentes, manifestou preocupação com o fato de “a persistente popularidade de Lula e os seus apoiadores podem desacelerar o movimento por reformas governamentais totais” no Brasil.
Com o retrato acima, de Hilary Swift, o “The New York Times” deu destaque à informação de que Dilma Rousseff, “a primeira líder mulher da nação brasileira, espera retornar à política como senadora” no Brasil. A publicação citou como exemplos Cristina Kirchner na Argentina e Álvaro Uribe na Colômbia, ambos transformados em “figuras importantes da oposição”.