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Colunistas A incompetência nossa de cada dia

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"Muitos ainda relutam em não reconhecer que a educação de alta qualidade é condição 'sine qua non' para almejar um futuro mais digno aos brasileiros. (Foto: Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Mais do que impor a atualização permanente do repertório de competências, a atual dinâmica do trabalho requer que todos os indivíduos se transformem em aprendizes por toda a vida. Isso implica em atitude de permanente atenção aos avanços no mundo do conhecimento, no qual competências técnicas, sociais e de negócio operam em constante interação. Se, para os indivíduos o cenário é desafiador como nunca, não podemos imaginar nada diferente em relação aos países. Imersos numa competição sem precedentes, governos de matizes diversos se encontram premidos pela conjunção de variáveis como a vertiginosa ascensão da Inteligência Artificial e todo o seu corolário de requisitos de mão de obra especializada e demais fatores que separam hoje ganhadores e perdedores com espantosa rapidez. Além disso, as atuais tensões geopolíticas em curso, de forma especial a guerra na Ucrânia e o protagonismo chinês frente ao domínio americano, estão impactando o conceito de globalização dos mercados, tal como o conhecíamos, tornando ainda mais vital a capacidade de orquestração interna com habilidades diplomáticas capazes de não tornar isoladas as economias antes integradas.
Nesse contexto, indivíduos e governos, cada qual dentro de sua realidade, estão tendo que balizar suas decisões não mais em ambiente conhecido e seguro, mas dentro de um sempre inédito panorama, conciliando elementos complexos e incertos com uma promessa concomitante de almejar seus melhores propósitos. Ao tempo em que se torna mais fatigante garantir um lugar ao sol no mundo do trabalho e no concerto das nações, novas alternativas se apresentam, especialmente diante de transformações profundas nos modelos laborais e da competição entre os países. Com os algoritmos ceifando rapidamente empregos com baixa densidade intelectual, surgirão menos alternativas que dependam dos músculos e mais empregos que requeiram saberes sofisticados.
Com esse pano de fundo, é alarmante a posição do Brasil, ao ocupar a 62.ª colocação em uma lista com 67 países, no ranking mundial de competitividade, do International Institute for Management Development, uma escola de negócios sediada na Suíça. Nosso país sofre a quarta queda consecutiva, impondo ao tema uma urgência inadiável, uma vez cristalizar-se uma preocupante tendência de piora nos índices. São, de acordo com o professor Hugo Tadeu da Fundação Dom Cabral, as nossas incompetências que explicam desempenho de tal modo constrangedor. Mais alarmante ainda é vasculhar os subitens da pesquisa e concluir que o sinônimo desse fracasso é a nossa educação, uma mazela tão brasileira quanto nossa crônica incapacidade de tratar da segurança pública. Em habilidades linguísticas, por exemplo, que engloba a capacidade de escutar, falar, ler e escrever, o Brasil ficou em último lugar. O País ocupa ainda a penúltima posição tanto na formação básica como na superior, situações que não apenas nos afrontam, mas nos expõem a um mundo crescentemente demandante por competências mais elaboradas, nas quais não interpretar um texto pode significar a completa alienação da pessoa e seu consequente alijamento do mercado de trabalho.
A saída para o problema passa pelo aprimoramento da nossos níveis de competitividade, valorização do conhecimento, melhoria da eficiência governamental e investimentos em infraestrutura. Sem isso, é impossível imaginar avanços em ciência, tecnologia e inovação. Nessa linha, é preciso dizer que a situação tende a piorar nos próximos anos caso não haja mudança substancial no processo decisório de alocação dos recursos existentes para a pesquisa científica no Brasil.  Tudo isso, contudo, depende de vontade política para que se criem tais condições e um dos pressupostos básicos para uma retomada forte nos investimentos em pesquisa e educação é o equilíbrio das contas públicas. Satisfeita essa condição preliminar, o desafio será engajar aqueles que, inexplicavelmente, ainda relutam em não reconhecer que a educação de alta qualidade é condição “sine qua non” para almejar um futuro mais digno aos brasileiros.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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