Sábado, 01 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de outubro de 2015
À primeira vista, Patricia Hearst é uma milionária da mais alta sociedade de Nova York (EUA) que, graças à imensa fortuna herdada de sua família, pode dedicar todo o seu tempo a fazer obras de caridade.
Ela é neta do lendário magnata da imprensa William Randolph Hearst (1863 – 1951), dono de um império midiático que existe até hoje – e que já foi inspiração para o famoso filme “Cidadão Kane”, de Orson Welles.
Mas Patricia, que hoje tem 61 anos, não ficará conhecida na posteridade por suas ações filantrópicas – e sim por ter protagonizado um dos sequestros mais lembrados da história.
Em 18 de setembro de 1975, Patricia foi presa por ter participado de atividades criminais junto com a guerrilha marxista que a havia sequestrado um ano e meio antes – um caso que chamou a atenção do público e da imprensa do mundo inteiro.
Pouco depois das 21h do dia 4 de fevereiro de 1974, Patricia, que tinha 19 anos à época e era estudante da Universidade de Berkeley (EUA), foi sequestrada após ter uma arma apontada para ela no apartamento que dividia com seu namorado.
Os criminosos eram membros do Exército Simbiótico de Libertação, um grupo guerrilheiro que na época tinha como objetivo derrotar a “ditadura corporativa” do governo do então presidente Richard Nixon.
Inspirados por movimentos guerrilheiros de esquerda da América Latina, eles consideravam que a família Hearst era “de uma classe superfascista” que controlava os Estados Unidos.
O sequestro foi assunto de grande interesse: poucas horas de ser anunciado, centenas de jornalistas se aglomeravam na porta da casa dos Hearst em busca de qualquer novidade.
Segundo Linda Deutsch, veterana jornalista, alguns veículos chegaram a instalar telefones em árvores na frente da casa da família para pegar ou passar informações.
Os membros do Exército Simbiótico de Libertação se comunicavam com a família Hearst por meio de gravações de áudio que eram enviadas à imprensa – e que eles exigiam que fossem reproduzidas por todos os veículos.
Em algumas delas, era possível escutar a própria Patricia pedindo a seus pais que atendessem as exigências dos sequestradores.
No início, eles pediam a libertação de um dos membros do grupo que havia sido preso por suposto envolvimento em um assassinato. As autoridades, porém, negaram o pedido. O grupo, então, pediu à família Hearst que investisse milhões de dólares em um programa para alimentar os pobres da Califórnia (EUA).
Os Hearst concordaram em gastar 2 milhões de dólares nisso – mas a operação de distribuição da comida foi caótica e gerou revoltas e saques.
O Exército Simbiótico de Libertação exigiu, em seguida, que fossem investidos outros 4 milhões de dólares – o que fez com que as negociações entre os sequestradores e a família fossem interrompidas.
O caso teve uma mudança inesperada em 3 de abril de 1974, quando Patricia anunciou em uma gravação que havia se unido ao grupo, adotando o nome de Tania, em homenagem à companheira de Che Guevara.
“Pátria ou morte. Venceremos”, foi o que ela disse em espanhol em um áudio enviado à imprensa. Dez dias depois, membros do Exército Simbiótico de Libertação organizaram um assalto a um banco na cidade de San Francisco (EUA), onde duas pessoas acabaram feridas. As câmeras de segurança da agência flagraram a imagem de Patricia com uma arma participando do assalto, uma das imagens que mais circularam o mundo nos anos 1970.