O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, emitiu uma nota com indiretas a Jair Bolsonaro, após o partido vencer com Sandro Mabel o candidato do PL, Fred Rodrigues, na disputa pela prefeitura de Goiânia.
No texto, o mandachuva partidário celebra as conquistas do União Brasil no segundo turno, diz que o extremismo foi “um grande derrotado” e cita expressamente a eleição na capital de Goiás.
“O extremismo nos enfraquece como sociedade. Inviabiliza o diálogo. Paralisa a política. Desvia o foco dos problemas que de fato importam em benefício de guerras culturais em que todos perdem. O radicalismo aponta caminhos fáceis. Mas o País não embarcou nesse canto de sereia. Goiânia foi um exemplo significativo disso. A vitória de Sandro Mabel sela o reconhecimento de suas propostas e da força política do grande governador Ronaldo Caiado. E sela o recado claro da maioria da população, que rejeita o extremismo”, escreveu Rueda.
O União já trabalha com o nome de Ronaldo Caiado como pré-candidato à Presidência em 2026. Esse foi um dos motivos de Bolsonaro se empenhar tanto na campanha de seu afilhado político em Goiânia. O ex-presidente considerava “questão de honra” derrotar Caiado em seu berço político e, assim, mostrar sua força na direita.
Neste caso, o tiro do capitão saiu pela culatra. Bolsonaro já mudou o tom sobre o governador goiano e disse que a direita não tem racha. Ao longo da campanha, o ex-presidente chamou Caiado de “rosnador” e “covarde”.
“Ativo importante”
O prefeito eleito, Sandro Mabel, diz que o governador Ronaldo Caiado agora tem um “ativo importante” na pretensão de ser o nome da direita na corrida à Presidência em 2026 e, apesar de não fechar as portas para uma aliança futura, deixa explícita a mágoa com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Já o ajudei muito, e ele veio a Goiânia com um candidato que não tinha condição de ser prefeito e ainda me xingou”, reclama. Mabel foi eleito com 55,53%, contra 44,47% de Fred Rodrigues (PL).
1) Qual o simbolismo de ser um nome da direita e vencer o candidato de Bolsonaro em Goiânia?
Existe um simbolismo grande. Vencemos contra o Bolsonaro, que veio seis vezes à cidade durante a eleição e espalhou inúmeras mentiras. E tomou um baque. Isso mostra a força do (Ronaldo) Caiado. Um governador não vencia na capital há 36 anos em Goiás. A cidade queria um gestor. Do outro lado, havia o Fred Rodrigues (PL), um sujeito que não tinha experiência para isso.
2) Apesar dos embates, Caiado e Bolsonaro cogitam caminhar juntos em 2026. Como veria a aliança, depois da disputa acirrada?
Alianças são necessárias, e a direita precisará estar junta se quiser ganhar. Caiado quer um projeto nacional e hoje tem uma aceitação muito boa. Elegendo o prefeito da capital, tem um ativo importante. A verdade é que fiquei muito decepcionado com o Bolsonaro. Já o ajudei muito nessa vida, quando éramos deputados. E ele veio a Goiânia com um candidato que não tinha condição de ser prefeito e ainda me xingou. A preocupação dele foi com o poder, não com a cidade. Vai ter um troco.
3) Que troco?
Vou fazer um governo que ele não terá como questionar.