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Por Redação O Sul | 21 de abril de 2018
A inflação na Venezuela chegou a 8.878,1% nos últimos 12 meses, segundo um estudo do Parlamento de maioria opositora. O FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê uma inflação de 13.864% na Venezuela para este ano e uma queda do Produto Interno Bruto de cerca de 15%, no que seria seu quinto ano de recessão. Segundo projeção, a economia venezuelana encolherá 15% este ano e 6% em 2019, de acordo com o relatório Perspectivas Econômicas Mundiais.
O índice de preços em março passado aumentou 67%, abaixo dos 80% relatados pela Assembleia Nacional para fevereiro. A inflação acumulada nos três primeiros meses de 2018 chegou a 453,7%, disse o presidente da Comissão de Finanças do Legislativo, Rafael Guzmán, em entrevista coletiva.
Os alimentos básicos continuam sendo a categoria que mais pesa sobre a alta do custo de vida – os preços praticamente duplicaram em março – acrescentou Guzmán, que prevê que “a cifra para abril vai ser muito maior”.
Desde o ano passado, o Parlamento reporta o índice inflacionário diante da falta de dados do governo do ditador Nicolás Maduro, que garante que a inflação é induzida como parte de uma “guerra econômica” para derrubá-lo.
Especialistas atribuem o alto custo de vida à falta de divisas – controladas pelo Estado – pela queda da receita petroleira e o elevado gasto público com emissão de dinheiro sem lastro.
A venda de divisas para importação de bens e matérias-primas está praticamente congelada pelo governo, o que estimula um mercado negro onde o dólar multiplica até por dez a cotação oficial.
Moeda
Maduro, anunciou em 22 de março que decidiu cortar três zeros da moeda do país e substituir as cédulas em circulação a partir de junho. A medida é uma tentativa de enfrentar a escassez de moeda em meio à inflação descontrolada no país.
Em uma grave crise econômica, a Venezuela fechou o ano 2017 com uma inflação acumulada de 2.616%, segundo a Assembleia Nacional, que calculou em 85% a inflação do mês de dezembro.
No início de 2018, o presidente da Comissão de Finanças, José Guerra, disse que a inflação aumentou pela “impressão de dinheiro do Banco Central da Venezuela para financiar o déficit do governo”. “70% do déficit do governo venezuelano para o ano 2017 foi financiado com impressão de dinheiro”, disse Guerra. “A inflação é distinta à hiperinflação porque a inflação dentro de tudo é normal. Uma hiperinflação é insuportável. É a ruína de um país”, afirmou Guerra.
Dinheiro sem valor
Em março deste ano, uma reportagem da BBC mostrou que uma pilha de dinheiro que há 15 anos comprava apartamento agora só paga um café na Venezuela.
A população enfrenta escassez de dinheiro e produtos, e não há previsão para essa crise chegar ao fim. A previsão do FMI é que a Venezuela termine 2018 com uma queda de 15% do Produto Interno Bruto.
Refúgio
Com a crise, o número de venezuelanos que fogem da situação para os países vizinhos disparou, e o Brasil é um desses destinos. Em Boa Vista (RR), até fevereiro o número de imigrantes da Venezuela chegou a 40 mil, segundo a prefeitura, o equivalente a mais de 10% dos cerca de 330 mil habitantes da cidade.
Em outras cidades de Roraima, brasileiros chegaram a fazer protestos contra a presença dos estrangeiros. Em uma dessas manifestações, venezuelanos foram expulsos de um prédio ocupado e tiveram seus bens queimados.